União Europeia quer o fim do motor de combustão em 2035

By on 29 Junho, 2022

Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), aprovaram na terça-feira à noite um plano que impedirá a venda de veículos novos movidos a gasóleo ou a gasolina a partir de 2035. Que consequências essa medida terá na vida dos motociclistas?

A medida pretende reduzir para zero as emissões de dióxido de carbono (CO2) dos automóveis novos a partir de 2035. A pedido de alguns países, incluindo Alemanha e Itália, a UE concordou, contudo, em considerar dar ‘luz verde’ no futuro para tecnologias alternativas, tais como combustíveis sintéticos ou híbridos ‘plug-in’, se estas forem capazes de alcançar o objetivo de eliminar completamente as emissões de gases com efeito de estufa dos veículos.

A data de 2035, embora ainda não oficial, está em consonância com aquela preconizada pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia, com quem os países terão de negociar as regras finais. Mas muito ainda haverá a discutir e o consenso está longe de ser atingido.

O que acontece com as motos? E os ‘e-combustíveis’?

As motos não são mencionadas no referido plano, como aliás é comum. Às vezes isso é bom e às vezes não. Por exemplo, o documento da União Europeia é vago nos que respeita  aos ‘e-combustíveis que podem chegar a determinadas categorias de motociclos. Porém, apesar das esperanças da comunidade motociclista em relação ao combustível sintético, tudo aponta para uma mudança significativa do motociclismo na Europa nos próximos 10 anos, muito diferente dos últimos 20 anos. A linha encontrada na reunião do Luxemburgo, aponta claramente na direção da mobilidade elétrica e de forma unilateral.

Face a isto, fazermos viagens longas será um desafio no futuro com motores a gasolina: os operadores de postos de gasolina carecem de perspectivas futuras e muitos, especialmente nas áreas rurais, podem mesmo vir a fechar por falta de lucro. Por outro lado, do lado dos fabricantes, é esperado um desenvolvimento muito reduzido nos motores de combustão nos próximos ano. Alguns motores ainda podem vir a ter uma pequena atualização – mas nenhum fabricante (só talvez mesmo na China!) deverá desenvolver uma nova plataforma de motor para toda uma família de modelos. Por outro lado, os investimentos em veículos elétricos e baterias vai provavelmente triplicar.

Mobilidade individual mais cara

Por outro lado, apesar de andarmos de moto e adorarmos fazê-lo, não somos inocentes quanto ao preço de uma moto elétrica. Os loucos por automóveis têm ao seu dispor uma oferta elétrica ampla de veículos, e com apoios substanciais. No nosso caso, a escolha é limitada e ainda muito cara. Por exemplo, o Fundo Ambiental,  uma linha de apoio financeiro à aquisição de veículos eléctricos de duas rodas em Portugal, atribui uma participação muito reduzida:  400 a 500 euros na aquisição de uma scooter elétrica equivalente a 125cc. Muito pouco, quando o preço de uma ‘elétrica’ dessa categoria pode chegar aos 6000€ ou mais!

Em resumo, a mobilidade individual deverá tornar-se significativamente mais cara. Em 10 a 20 anos, um número significativamente menor de pessoas poderá pagar quase tanto por conduzir uma moto de maior capacidade quanto por conduzir um carro, ficando a sua mobilidade significativamente mais reduzida em relação aos que ganham mais.

A única solução mais acessível em termos de mobilidade individual serão as pequenas scooters elétricas, bem como outros veículos de curto alcance, até porque quase todos os dias crescem como cogumelos no mercardo… Ou seja, serão as motos maiores a pagar a factura da transição energética. Isso é claro!

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