MONTESA COTA 247 CAFE RACER

By on 4 Fevereiro, 2019

A maior parte das criações especiais ou Café Racers que trazemos aqui à vossa atenção tendem a ser baseadas na MJU – Motocicleta Japonesa Universal: motores quatro em linha quase idênticos, que nos anos setenta e oitenta vendiam às centenas de milhares pela Europa fora, e são portanto, quer abundantes, quer baratas de adquirir para modificar.

Contra isto, as Europeias, uma ou outra Guzzi ou Triumph, chegam a ser uma raridade e só a recente moda de usar as inevitáveis BMW boxer vem rompendo com esta tendência. Assim, foi agradável encontrar uma Europeia que teve origem muito mais perto de casa, uma Montesa muito especial. A marca espanhola teve enorme sucesso em corridas de motocross dos anos sessenta até meados dos anos oitenta. O modelo Cota 247 também era popular entre os pilotos de trial – mas quem teria pensado que uma moto de trial daria uma excelente café racer?

A prova vem da pequena aldeia de Graulhet, no sudoeste da França, que é a base de Pierre Dhers e sua empresa Freeride Motos Racing. Pierre é especialista na reparação e manutenção de clássicas e na preparação de máquinas para séries de corridas Vintage. Mas ele também é muito bom em criar customs originais e de aparência muito distinta.

“Embora essa Montesa fosse originalmente uma moto de trial”, diz Pierre, “o nosso cliente queria que ela fosse transformada num modelo desportivo. A inspiração foi a história das corridas de velocidade, quando as Montesas percorriam os circuitos de Espanha e do mundo, nos anos 70. ”

Temos de admitir que é uma transformação infernal. Com apenas 87 quilos a seco, a Cota 247 original já de si é uma moto ágil em comportamento, portanto a redução de peso nem sequer era uma prioridade. No centro dessa criação está o motor, um pequeno dois tempos monocilíndrico de 247 cc que no seu formato de origem debita 20 cavalos. Pierre deu-lhe uma revisão completa, com novos rolamentos e retentores, e até mesmo uma cambota nova. Ele também adaptou o sistema de escape de origem e as admissões e instalou um kit de pistão de maior diâmetro da Italkit.

O carburador original Amal foi trocado por um Mikuni VM26 com um filtro de ar BMC mais livre, e a moto usa agora uma ignição eletrónica Powerdynamo para manter o comando do motor rigoroso e sem variações. Depois de muitas horas de trabalho de polimento no alumínio dos cárteres, o motor parece tão novo como no dia em que deixou a fábrica de Barcelona em 1972.

Logo acima fica o depósito de combustível proveniente de uma Malaguti Olympic, um ciclomotor de 50cc da década de 1970 bem conhecido em Portugal. É uma escolha inspirada: neste contexto, as linhas esculpidas dão-lhe um at familiar e parecem incrivelmente contemporâneas, já que mudam completamente o aspeto original da Montesa Cota. Pierre acrescentou uma bacquet traseira em fibra de vidro personalizada para combinar com o assento de camurça, além de discretos e leves guarda-lamas de alumínio pintados.

A Midwest Aero Design providenciou a intensa pintura vermelha e uma nova camada de epóxi preto acetinado ajuda o quadro a quase desaparecer no todo. Pierre modificou o quadro para se adequar às novas linhas e também fez uma revisão completa. “Limpei as juntas de soldadura com novos cordões TIG – uma necessidade tanto estética como prática, porque os originais são de má qualidade”.

 

A nova bacquet traseira fica completamente coberta pela camurça preta que se estende sobre o assento, aplicado pela Kabuki Sellerie. A loja francesa já é conhecida por vários preparadores, e obviamente sabem o que estão a fazer. Como esta Cota a acusar menos de 90 quilos na balança, uma suspensão completa Öhlins de superbike seria um exagero. Por isso, Pierre reviu e encurtou os garfos Betor originais. Agora equipados com molas mais curtas, suportam os aros Akront de período de 18 polegadas ligados a cubos de uma moto de estrada Montesa Impala da década de 1960.

A roda de trás monta amortecedores novos YSS. Converter uma moto de trial numa café racer envolve também uma infinidade de pequenos detalhes. Pierre criou dezenas de pequenas peças – incluindo novas montagens para o depósito, assento e poisa-pés reposicionados – e adaptou as articulações de alumínio Tarozzi para os pedais. Ele também construiu novos avanços, adaptando-os ao tê superior da Cota 247, e instalou um punho de acelerador Domino e manetes de travão e embraiagem Amal.

 

 

A pequena Montesa está agora pronta para a estrada e não sabemos se devemos aplaudir o novo proprietário pela sua escolha pouco vulgar de montada ou ficar com um pouco de inveja. Com 20 cavalos, é improvável que esta café racer de bolso rompesse algum recordes de volta no circuito Paul Ricard, perto da base da Freeride Motos Racing no Sul de França, mas já nos Grandes Prémios de semáforo, bate-se muito bem, obrigado!

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