Esta Triumph é uma Kawasaki!
Pensem numa scrambler clássica, e o que vos vem à mente provavelmente é uma Triumph daquelas que faziam corridas nos desertos da Califórnia nos anos setenta. A Norton, Cotton, BSA, Rickman e Matchless também fizeram ótimas versões, e até a Honda teve a sua série CL pouco depois. Já as outras marcas japonesas primaram pela sua ausência. Agora, alguns 50 anos depois, esta impressionante Kawasaki W650 aponta para a oportunidade perdida. E se a Kawasaki se tivesse virado para o Todo Terreno com a sua série W nos anos 60 e 70? Máquinas que, afinal, eram por sua vez cópias de uma BSA.
Esta scrambler absolutamente deliciosa, com motor de Kawasaki W650 é o trabalho de Mark Huang, que dirige um negócio de peças de moto em Taipei, Taiwan. Ele faz pequenos trabalhos personalizados mês sim, mês não, e mesmo um par de criações completas a cada ano.
Esta scrambler é baseada num modelo W650 de 2004, e tem muito mais trabalho personalizado do que se poderia imaginar. Para começar, o quadro tem uma nova espinha dorsal que substituiu o tubo central e o sub-quadro é feito de aço inox polido, ambos unidos ao chassis original por meio de terminais de aço feitos sob medida.
O efeito é elegante e perfeitamente executado. O enorme e pesado tubo central do quadro original que começava logo atrás do veio de direção foi serrado e recebeu um tubo mais fino em inox.
Mark também ajustou a posição para dar um ar mais scrambler: a moto ficou um pouco mais alta, com uma roda dianteira de 21” no lugar da original de 19”, e um novo conjunto de amortecedores Koni para trás.
A roda traseira ainda mede 18 ”, mas ambas as jantes são na realidade novas. A modificação incluiu incorporar cubos de travão de tambor de época de Triumph T120, raios de aço inoxidável e aros da marca Mark Motorcycles.
Esse travão dianteiro é impressionante, mas a verdadeira magia de engenharia acontece mais atrás. A T120 originalmente usava um travão com pedal no pé esquerdo – como todas as inglesas até 1974! – por isso, a equipa de Huang construiu uma articulação para atravessar a moto transversalmente e operar o travão esquerdo com o pedal do lado direito da W650, como as motos modernas. Como na W650 as mudanças estão do lado esquerdo, tudo acaba por encaixar perfeitamente.
Na parte superior do quadro, encontra-se um depósito de combustível clássico de BSA, completo com o seu sistema tradicional de montagem central (aparafusado ao novo tubo central do quadro). Também este foi adornado com seções de aço inox polido na frente e nas costas, para um toque extra especial.
O assento também é personalizado e consiste numa base de plástico reforçada com fibra e forrada a couro negro. Em conjunto com o para-choques traseiro longo, ajuda a completar o aspeto retro de Scrambler de deserto que o criador pretendia obter.
Atualizações e toques de detalhe menores estão espalhados pelo resto da W650. Os carburadores foram substituídos por modernos Keihin CR35s, e a caixa-de-ar foi descartada em troca de um par de filtros K & N. O escape elevado também é personalizado; um elegante sistema duplo de aço inoxidável.
Mark também refez a instalação elétrica da W650, colocando tudo sob o assento numa discreta caixa de bateria. A ignição foi reposicionada e não há velocímetro, deixando a zona dos instrumentos muito minimalista mesmo. Outras novas partes incluem guiadores de 1 ”, alavancas moduladas e interruptores básicos – tudo da Mark Motorcycles.
O farol é uma pequena unidade de 11,5 cm, montada em suportes personalizados e acabada com uma cobertura superior pintada na mesma cor do resto da moto. Uma luz traseira montada lateralmente por cima do amortecedor direito e um jogo de comutadores discretos completam o pacote de iluminação.
Outros toques finais incluem uma chapa de proteção do motor, e o nosso detalhe favorito: um jerrican militar de combustível em chapa de aço, que foi reaproveitado como mala lateral. O resultado final é uma moto encantadora, ainda mais pela pintura da zona superior, executada por Jeffrey da Air Runner Custom Paint.
O tom único azul parece básico, mas basta dar uma olhadela às delicadas zonas de sombreamento dos gráficos para ver que levou muito trabalho. E entre a caligrafia, o polvo surfista no depósito e o pinguim do filme Madagáscar na mala, também há uma boa dose de humor no acabamento final…
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