GPS ou telemóvel?
Antes de começarmos, sejamos francos, os telemóveis já percorreram um longo caminho e fazem coisas que nós nem conseguimos compreender. A navegação, no entanto, é uma das funcionalidades que quase todas usam diariamente. Um smartphone funciona muito bem para a navegação, entre dezenas de outras coisas, e ao mesmo tempo. Será que os receptores GPS valem mesmo a pena? À medida que os telefones continuam a evoluir – assim como os receptores GPS – a fronteira entre estes dois aparelhos torna-se cada vez mais confusa. Vamos analisar mais de perto os prós e contras de ambos.
A maioria dos smartphones têm muito a oferecer, e facto, a comodidade de se poder fazer tudo com apenas um aparelho é provavelmente a maior vantagem. Por outro lado, eu não me sinto muito à vontade de montar o meu telemóvel – do qual dependo e em que confio para tantas outras coisas do meu dia a dia e vida profissional – no guiador da minha moto. Eu paguei cerca de 200 euros pelo Garmin Oregon que utilizo habitualmente para navegar no todo-terreno, o que é significativamente menos do que maioria dos smartphones (sejam eles Android ou iPhone) que a maioria de nós levamos, com mais protecção, na mochila ou sacoche durante os passeios. A maioria das unidades GPS construídas para motociclismo ou utilização no exterior são construídas segundo normas “MIL-spec” (origem nas forças armadas dos EUA, MIL de militar, spec de especificações) que incluem e exigem, entre outras, resistência às intempéries e ao impacto. Isto permite que o GPS seja usado debaixo de chuvas torrenciais, apanhe “banhos” a atravessar rios, ou que “salte” da moto e volte a funcionar como se não se tivesse passado nada. Já um telemóvel…
No passado podíamos argumentar que os ecrãs dos telemóveis eram demasiado pequenos, mas actualmente já não é esse o caso. O Garmin Montana 700i, actualmente muito popular para o todo-terreno, tem um ecrã de cinco polegadas, enquanto o ecrã da esmagadora maioria dos smartphones mede mais de 6 polegadas. E enquanto o ecrã do Montana 700i é bastante bom para um GPS, os dos smartphones estão num patamar acima. Dito isto, a verdade é que não precisamos de tantos pixeis enquanto vamos na moto, e as unidades GPS feitas especificamente para o exterior colocam ênfase precisamente na visibilidade em condições adversas ou com muito sol. A maioria pode também ser usada com luvas, uma vantagem incontornável.
A duração da bateria é outro ponto a considerar. Para um telefone correr aplicações que usam o GPS requer muito esforço implica um consumo elevado da bateria. Um receptor GPS é construído para proporcionar o máximo desempenho para uma única coisa: a navegação. Ambos podem ser configurados para utilizar menos bateria, alterando as definições do sistema, mas o mais provável é que a unidade GPS terá um desempenho superior ao de um telemóvel. E, se no final do dia nos encontrarmos em apuros, é provavelmente melhor ter um GPS morto e um telefone com carga do que o contrário. Este ponto é discutível se tivermos uma ligação eléctrica na sua moto, para um telefone ou GPS, mas ainda assim é importante mencionar que vários modelos de GPS são compatíveis com pilhas alcalinas comuns, que se adquirem facilmente na próxima bomba de gasolina.
Temos também a questão da funcionalidade real do GPS. O GPS de um telefone funciona melhor quando este se pode ligar à Internet, às “antenas” do serviço móvel e satélites, porque a maioria dos smartphones usa uma forma de GPS chamada A-GPS ou GPS assistido. Isto significa que o telefone utiliza os três tipos de dados acima mencionados para apresentar ao utilizador a navegação, informações de tráfego, etc. A menos que tenha descarregado mapas com antecedência, o seu telefone terá de descarregar continuamente informações de mapas sobre a sua viagem ao longo do percurso. A maioria dos dispositivos GPS incluirá mapas da área ou país onde foi vendido mas nem sempre isso é verdade, ou os mapas incluídos não apresentam muito detalhe. Isso implica um planeamento ou preparação extra do próprio aparelho GPS antes de nos deixarmos ir à aventura
É do conhecimento público que a Google extrai o máximo de dados que pode de qualquer produto Google que possamos estar a utilizar (e quase o mesmo se pode dizer da Apple na verdade). Para aqueles que se preocupam com a privacidade, a utilização de qualquer aplicação baseada em smartphones será por isso uma preocupação extra. No caso do GPS, nada está a ser transmitido para fora do dispositivo (a menos que lhe seja dito para o fazer com novas funcionalidades nos aparelhos mais recentes). O receptor GPS obtém as suas coordenadas a partir dos satélites e mostra-o no mapa, ponto final.
Então, qual é a melhor escolha? Isto não será uma surpresa por esta altura: depende! Qual é o uso que vamos dar ao nosso aparelho de navegação? Se queremos que ele navegue predominantemente na cidade e ocasionalmente nos caminhos, então um telefone será provavelmente uma boa escolha. Ou vamos usá-lo para tiradas mais longas e aventureiras pelo todo-terreno evitando ao máximo o asfalto? Então uma unidade GPS será sem dúvida a melhor escolha.
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