História: Ariel, uma tumultuosa aventura industrial

By on 15 Julho, 2022

Uma história longa de um século na produção, mediada por sucessos e decisões comprometedoras até ao desaparecimento em 1970. Para a eternidade, ficou a icónica Ariel Square Four concebida pelo imaginativo Edward Turner, antes deste ingressar na Triumph.  

O fabricante britânico Ariel (1870-1970), resultado da associação de dois amigos: James Starley e William Hillman. Ambos decidem fundar uma empresa de bicicletas em Birmingham. A empresa Ariel está então na origem de muitas inovações no campo das bicicletas, em particular o uso de rodas de aço com raios, depois o uso de estruturas metálicas e não mais de madeira. As bicicletas Ariel foram produzidas desde 1871 e tiveram sucesso, mas Hillman deixou o negócio no ano seguinte, deixando Starley sozinho no comando da empresa. Este último continua a produção de bicicletas, continua a inovar e a vencer corridas, estabelecendo recordes nunca antes alcançados.

O filho de Starley veio apoiar o desenvolvimento da empresa, que entretanto também se concentrou no fabrico de máquinas de costura. Em 1880, a Cycles Ariel entrou na capital de Rudge-Whitworth e Quatro anos depois, o sobrinho de Starley desenvolveu a bicicleta Rover Safety com duas rodas do mesmo diâmetro, cuja traseira era acionada por uma corrente – sistema que revolucionou a indústria de bicicletas e ainda é o utilizado pelos fabricantes hoje.

Naquela época, o fabricante Dunlop era o único fabricante de pneus destinados a bicicletas e, consequentemente, equipava todas as bicicletas produzidas na Grã-Bretanha, aliando-se à empresa com uma obrigatoriedade: todas a produção da Ariel teria de ter produtos  Dunlop e, assim, disponibilizar-lhe publicidade gratuita.

A primeira moto

Ariel Square Four 500

Em 1897, a Ariel foi adquirida pela Cycle Components Manufacturing, então liderada por Charles Sangster. Depois de produzir um triciclo movido por um motor De Dion em 1897, a Ariel desenvolveu sua primeira moto em 1901 com base num motor Minerva. Foi o início de uma longa história no motociclismo para a empresa, que rapidamente desenvolveu a sua produção com motores de outros fabricantes, como os MAG, Jap, Blackburne, Kerry e AKD. Na década de 1910, os veículos de duas rodas da Ariel usavam principalmente motores White&Poppe antes da empresa começar a desenvolver os seus próprios motores. A marca de James Starley opta então por motores monocilindricos e alguns V-Twins que são amplamente utilizados pelo exército durante a Primeira Guerra Mundial.

Crise e modernização

Em 1925, Charles Sangster assumiu a direção da empresa e planeou modernizar a linha de produtos da marca. Contratou Vale Page, um desertor da JAP, que revolucionou os modelos em profundidade a partir de 1926. Bert Hepwood também se juntou à equipa e muito rapidamente, as motos Ariel revisitadas fizeram sucesso. As inovações foram numerosas, com destaque para a chegada do novo motor de 500cc, aplicado num quadro de duplo berço e um depósito junto ao assento. Em 1931, um novo engenheiro genial junta-se à Ariel, Edward Turner, o futuro grande nome do fabricante Triumph. Turner desenvolveu o Square 4 de 500cc, que então mudou para uma cilindrada maior para permitir o uso de um sidecar.

Ariel Red Hunter

No entanto, o crash da bolsa de 1929 ainda era sentido e em 1932, a empresa vai à falência.  Jack Sangster ficou então com a empresa e renomou-a como Ariel Motors. Pouco depois, surgiu a primeira Red Hunter, uma série de motos de prestígio que se tornariam no maior sucesso do fabricante. Tratavam-se de motos desportivas, muito bem estruturadas e que sairiam vitoriosas em muitas provas de motocross e trial. A Square Four foi lançado nesse mesmo período com um sofisticado motor desenvolvido pelo engenheiro Edward Turner.

A era BSA

Em 1944, a Ariel foi adquirida pela vizinha de Birmingham, a BSA. Cinco anos depois, Val Page apresentou um motor de dois cilindros paralelos de 500cc, tentando em vão competir com o domínio da BSA, Norton e Triumph. Em seguida, surgiria um poderoso motor de 4 cilindros com 1000cc de cilindrada. Em 1954, a Ariel 650 Huntmaster equipado com motor BSA entra no mercado.

A primeira Ariel de dois tempos apareceu em 1958, sendo todos os outros modelos abandonados em favor desta nova máquina. Tratava-se da 250 Leader, muito inspirada nas scooters da época, muito bem sucedidas em Itália após a 2ª Guerra Mundial. Assim, o O ano de 1959 marca o fim dos quatro tempos para uma produção da Ariel mais centrada nos modelos Leader e Arrow.

O fim inglório na década de 1970

Ariel Arrow

No entanto, as vendas foram bastante decepcionantes e em 1963 a BSA decidiu fechar a fábrica de Selly Oak para transferir a produção para Small Heath. Um modelo destinado a relançar a marca sai então das linhas de produção, a Ariel Pixie equipada com um motor BSA Beagle de 50cc. A máquina não agrada e numa última tentativa, a Ariel lança a Ariel 3, um ciclomotor dobrável de 50cm3 que nunca chega a vingar no mercado. Assim, a Ariel acaba por  desaparecer com a sua compnaheira britânica BSA nos anos 70.

Em 1999, uma empresa assumiu o nome da Ariel para projetar motos desportivas de quatro rodas chamadas Atom. No entanto, nada mais se soube desse projeto que pressumia um regresso da marca… mais uma vez aventurando-se por um caminho turtuoso e distante das ideias originais da família Starley.  

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