Atualidade: Paris não é para motos?

As autoridades da capital francesa estudam opções para reduzir os níveis de ruído na cidade, e uma delas é a proibição total de veículos de duas rodas com motores de combustão interna.

A luta contra a poluição sonora às vezes assume as formas mais bizarras. Por exemplo, as autoridades de Paris a princípio simplesmente proibiram a operação na cidade de todas as motos fabricadas antes de 2000. Instalaram depois as chamadas “câmeras de ruído” que, ainda que com erros, mediam o nível de ruído de um determinado veículo e, se ultrapassado, aplicavam multa ao seu proprietário. Essa opção parece bastante razoável no contexto das proibições, mas isso acabou não sendo suficiente.

Há algum tempo, o governo de Paris pediu aos cidadãos que apresentassem propostas que reduzissem a poluição sonora na cidade. Como resultado, cerca de uma centena e meia de ideias de vários graus de realismo foram apresentadas, desde o bloqueio do rio Sena até ao fecho do aeroporto Charles de Gaulle de Paris!

As propostas recebidas foram submetidas a uma votação aberta, na qual participaram cerca de 26.000 pessoas. Uma das propostas parece verdadeiramente extremista: a proibição total da circulação de veículos de duas rodas com motor de combustão interna em Paris. Cerca de 944 pessoas apoiaram essa ideia, 307 foram contra. Sim, não muito, mas lembramos como funciona a janela de Overton – um conceito sociológico bem conhecido de regular os limites da gama aceitável de opiniões.

Assim, não será surpreendente se a opinião de um punhado de cidadãos, de repente se tornar mais significativa do que a opinião de motociclistas e utilizadores de scooters franceses. O número destes últimos, aliás, é muito grande. França que tem uma população de 67,4 milhões de pessoas, cerca de 25 milhões utilizam veículos de duas rodas que estão matriculados.