Teste Indian Chief Bobber versão Dark Horse – A marcar pela diferença

By on 10 Março, 2022

Teste realizado por Alex Medina – Solomoto

Os fãs das motos Custom nos seus mais variados formatos e em especial aqueles que gostam do estilo Bobber, encontram na Indian Chief Bobber Dark Horse uma alternativa muito autêntica de uma marca centenária que está mais viva do que nunca.

A Indian costuma afirmar de que é mais antiga do que a própria Harley-Davidson, um facto reconhecido e suportado, actualmente gerido por um potente grupo que é a Polaris, por uma longa história.

George M. Hendee e Carl Oscar Hedstrom, ambos apaixonado pelo mundo das motos e originários de Massachusetts,  lançaram a primeira Indian em 1901. Só 2 anos mais tarde William Harley e Arthur Davidson colocaram em produção a primeira bicicleta motorizada da Harley-Davidson.  As versões Scout ( 1920-1949 ) e  as Chief comercializadas entre 1922 e 1953, foram os modelos de maior êxito da Indian.

No entanto a Indian, tal como outras empresas norte-americana, sofreram com a crise dos anos 50 tendo acabado por encerrar a sua actividade em 1953. A partir de então várias tentativas foram levadas a cabo de fazer renascer a marca, inclusivamente em 2004 foi apresentada uma nova versão da Chief, no entanto só mais tarde, em 2011,  depois da marca ter sido adquirida pela Polaris, é que assistimos ao seu verdadeiro relançamento. Nessa altura a Polaris produzia as exóticas motos da Victory, actualmente descontinuadas e for a de produção.

Actualmente a gama de produtos Indian, para além das mais acessíveis Scout, das exuberantes Touring Roadmaster e as FTR de inspiração nas motos de competição de Flat Track, mais três versões para além da Bobber da sua Indian Chief. No presente teste quisemos conhecer a versão Chief Bobber Dark Horse, uma moto que carrega consigo o verdadeiro espírito “Bobber”…

O que é uma Bobber ?

Uma Bobber é uma moto de estilo Custom onde, ao contrário por exemplo das Chopper, se eliminou tudo o que é supérfluo com o objectivo não só de diminuir o seu peso como de tornar as pesadas e volumosas americanas em motos mais ligeiras e compactas. Característico no estilo Bobber são os guarda-lamas recortados, as rodas com o mesmo diâmetro à frente e atrás,  no caso de 16”, assento low ride, guiador alto e normalmente pintadas a uma só cor e evitando a utilização de componentes cromados.

Reza a história de que o estilo Bobber nasceu no pós II Guerra  Mundial quando os soldados em tempo de paz e tendo recebido motos Harley como prémio e excedentes de guerra decidiram personalizá-las e torná-las mais ligeiras e fáceis de levar, dando-lhes uma nova estética mais despida e simples.

Fiel à sua história

Na verdade, vemos que a Dark Horse da Indian Chief Bobber, respira toda essa filosofia criada no pós-guerra, resultando numa moto cheia de personalidade .  O seu incrível motor bicilíndrico de 1.890 cc, refrigerado a ar, debita uns respeitáveis 162 Nm de binário máximo. A marca prefere não comunicar a potência em CV pois preferem dar ênfase e importância ao par de motor , o que neste tipo de motos faz muito mais sentido, no entanto, cremos que a potência deve rondar os 100 CV.

O que realmente marca a diferença nesta moto é o tacto deste impressionante motor de 6 velocidades, a sua resposta desde os regimes mais baixos e as sensações que nos transmite estando sentados apenas a 66 cm do solo, numa posição de mão para cima e pés para a frente.

Outra realidade que nos impressionou foi o facto de que uma moto que nasceu dentro de um conceito simplista e de incluir apenas o imprescindível que inclua uma enorme quantidade de informação no seu painel digital TFT de 4”, de formato redondo como se de um analógico se tratasse. O painel TFT inclui tecnologia táctil, permitindo facilmente selecionar um dos modos 3 modos de condução possíveis. Também no mesmo se pode navegar por GPS e emparelhar um dispositivo via Bluetooth para podermos ouvir música e atendermos chamadas telefónicas.

Inclui função de Cruise Control, muito prática para quando rodamos em auto-estrada durante trajectos mais longos. Não faltam outros pormenores também no equipamento como a chave remota para ligarmos e arrancarmos o enorme bicilíndrico. Um exemplo de como a tecnologia não tem que estar refém de uma estética inspirada em motos dos anos 40, e pelo contrário podem conviver em perfeita harmonia.

“ O nosso objectivo é de imortalizar este look intemporal” declarou Ola Stenegard, director de design da Indian. “ Paralelamente gostamos de conservar um estilo suficientemente livre para deixar voar a imaginação dos nossos clientes e possam visualizar e personalizar a moto de acordo com o seu gosto particular. Esta moto desperta emoções, uma jóia mecânica cheia de estilo e uma americana por excelência” referiu ainda.

A respeito do conceito convém ainda destacar que os fãs da marca Indian gostam de poder personalizar as suas motos a partir de uma extensa gama de opções que a marca disponibiliza, realidade que durante o teste realizado sentimos falta de uma mala lateral para podermos transportar algum equipamento necessário para realizar uma pequena viagem de fim de semana.

Em estrada

Por força do trabalho que realizamos pudemos rodar nesta impressionante Indian Chief Bobber Dark Horse e por certo não saímos nada defraudados, no entanto cabe referir que em algumas estradas mais reviradas,  tive que me esforçar para manter o mesmo ritmo de um grupo de motociclistas que rodavam numa mistura de motos e estilos  nomeadamente numa BMW R 60/5 de 1961. Foi divertido conduzir a Dark Horse entre grandes motos Trail de última geração, algumas naked também e um par de motos clássicas. Desta experiência pude confirmar que o motor Thunderstroke 116 é puro prazer para os sentidos.

Um dos argumentos da marca a favor do seu enorme bicilíndrico é o facto do cilindro traseiro se desligar quando a temperatura é demasiado elevada, realidade que se manifesta essencialmente em ocasiões de temperatura ambiente alta e quando nos encontramos parados, por exemplo num semáforo.

Em termos de posição a versão Bobber da Dark Horse é algo radical e talvez mais apropriada para os fanáticos das motos Custom e para os que gostam de rodar sempre a direito com as mãos numa posição alta e com os pés bem lá na frente.

A versão Dark Horse normal, não Bobber, tem uma posição menos radical com um guiador mais baixo e a posição dos pés mais recuada, podendo ser inclusivamente mais ágil pois monta na dianteira uma roda de 19” mais estreita que a traseira. Esteticamente a versão Bobber tem também algumas diferenças como a suspensão dianteira e os amortecedores estão cobertos, realidade que lhe confere um toque muito pessoal.

Apesar de tudo e considerando as suas dimensões e peso o certo é que a Bobber Dark Horse tem um desempenho muito são e fluido. O propulsor está condicionado pelo seu enorme binário proporcionando uma resposta vigorosa desde as 1.500 rpm.  Percebes a explosão em cada um dos pistons numa combinação perfeita de carácter e suavidade. No modo Tour a entrega de potência é mais suave e generosa e ligeiramente mais agressiva no Modo Standard, sendo que até às 4.000 rpm o som dos escapes combinado com o som da caixa de ar transmitem uma agradável sintonia.

Uma ciclística singular

Em matéria de  suspensões os dois amortecedores traseiros têm um comportamento algo seco sendo que a suspensão dianteira mostrou um melhor desempenho, absorvendo bem todas as irregularidades da estrada.

Também o sistema de travagem se mostrou algo justo se bem que neste estilo de motos costumo apoiar-me bastante no travão traseiro. O efeito do travão de motor é neste caso notável sendo uma ajuda bem vinda. Na verdade é que esta Bobber com o tacto do seu motor, a caixa de 6 velocidades, algo lenta mas precisa, característica de estilo de moto, e uma posição de condução “made in USA “ nos transmite uma sensação divertida e de enorme autenticidade.

As mudanças de direção realizam-se com relativa facilidade, realidade para a qual contribui o perfil arredondado dos pneus Pirelli que mota e que encaixam bem com a estética e a filosofia do estilo surpreendente desta Cruiser da Indian.

Podemos considerar que o seu preço é razoável tendo em conta o que oferece esta Bobber americana e que pode ser uma alternativa de facto a aqueles que procuram algo mais de exclusividade do que uma Scout Bobber, que anda pelos 15.000 eur, mas que não chegue ao patamar dos 30.000 eur das Roadmaster entre outras. Sem dúvida alguma que esta Chief Bobber Dark Horse pretende afirmar-se pela diferença.

O que mais gostámos e o que menos…

MOTO +

  • Imagem e personalidade do motor bicilíndrico
  • Originalidade do conceito Bobber
  • Tecnologia disponível
  • Preço razoável

MOTO –

  • Calor junto ao colector no lado direito
  • Travagem algo justa

Ficha técnica Indian Chief Bobber Dark Horse

  • Motor tipo 2 cil em V a 49º, LC SOHC 8V
  • Diâmetro x curso 103,2 mm x 113 mm
  • Cilindrada 1.890 c.c.
  • Potência máxima N.d.
  • Binário  máximo 162 Nm @ 3.200 rpm
  • Alimentação Injecção electrónica
  • Emissões de CO2 N.d.
  • Caixa 6 velocidades
  • Embraiagem Multidisco em óleo
  • Transmissão secundária Correia
  • Tipo chassi Duplo berço em aço
  • Geometria de direção 29º/132 mm
  • Braço oscilante Duplo braço
  • Suspensão dianteira Telescópica tradicional de 46mm / curso 132 mm
  • Suspensão traseira Dois amortecedores 75mm reguláveis em pré-carga
  • Travão dianteiro Disco semi-flutuante 300mm pinça 4 pistons c/ ABS
  • Travão traseiro Disco flutuante 256 mm pinça 1 piston c/ ABS.
  • Pneus Frente 130/90 x 16” e Trás 180/65 x 16”
  • Comprimento total 2.400 mm
  • Altura máxima 1.253 mm
  • Largura máxima 922 mm
  • Distância entre eixos 1.626 mm
  • Altura assento 622 mm
  • Depósito 15,1 litros
  • Consumo médio 5,2 litros
  • Autonomía teórica 290 km
  • Garantía oficial 2 anos
  • Importador Polaris
  • Contacto www.indianmotorcycle.pt
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