Teste BMW K 1600 de 2022 – Turismo na sua máxima expressão
Ensaio realizado por Alfonso Sanchez – Solomoto
Orient Express Rovos Rail, Maharajas Express, Transiberiano, Rocky Montaineer… todos nomes míticos de comboios cujas viagens importam mais do que os próprios destinos. E essa é a filosofia partilhada pelas BMW K 1600 de 2022, seja qual for a sua forma ou versão. Uma viajante aristocrática na qual o luxo do seu conforto e a sofisticação tecnológica são marcas de identidade.
Desde a Londres Victoriana até à longínqua Constantinopla, a percorrer a Namíbia, a África do Sul, a Tanzânia e o Zimbabwe, conhecer ainda a India de Delhi a Mumbai, deslumbramo-nos com as paisagens no percurso entre Moscovo e Pequim ou ainda descobrir as Rockies e as vastas planícies norte americana, são os prazeres que nos proporcionam as enormes e pesadas locomotoras que rodam sobre carris.
No entanto, se aquilo que preferimos é rodar sobre o asfalto, então a BMW propõe-te uma forma diferente para o fazeres, igualmente com enorme grau de luxo e sofisticação, equivalente aos míticos comboios que referimos, mas nas renovadas BMW K 1600 de 2022. Uma família que conta com nada mais nada menos que quatro versões: A versão GT ( testada ), um modelo que exprime todo o desempenho dinâmico da gama; a versão GTL, uma versão mais equipada e com mais capacidade de carga, com lugar privilegiado para o pendura; a B ou Bagger, num estilo norte-americano “low ride”, e por último a Gran America, versão que eleva o conceito “american way ” a quotas superlativas.
Apesar de podermos pensar que estes modelos possam ter um nicho de mercado insignificante, o certo é que são modelos de enorme sucesso num determinado segmento e não uma espécie de “ave rara” no ecosistema do mundo das duas rodas. Aliás este segmento de motos touring e cruiser que engloba os quatro modelos da K 1600 é um segmento muito rentável para a marca germânica tendo em conta que os seus preços rondam os 30.000 eur.
As mais europeias
De acordo com as estatísticas de vendas parece ser que as mais populares são as versões GT e GTL, provavelmente pelo seu estilo mais europeu, ao contrário das outras duas versões de estilo mais americano. A diferença entre a versão GT e a GTL resume-se praticamente à maior capacidade de carga desta última, por incluir uma TopCase de série e também um sistema de audio 2.0 incluído de série.
O facto da GTL montar de série uma TopCase resulta ser uma mais valia importante para o pendura pois passa a usufruir de um conforto muito superior que conta com o apoio lombar proporcionado pelo encosto montado na parte anterior da TopCase.
De qualquer forma e esta realidade é válida para s quatro versões, o grande protagonista desta gama BMW é mesmo o seu motor de seis cilindros, um dos poucos que existem de série numa moto neste momento, e agora revisto e actualizado para cumprir coma norma Euro5.
O bloco de motor, de tamanho considerável, pesa apenas 102,6 Kg. Mantém a cilindrada de 1.649 cc e a potência de 160 CV ao passo que o binário de motor aumenta 5 Nm face à versão anterior, atingindo agora os 180 Nm . A potência máxima do motor é alcançada a 1.000 rpm’s menos do que no motor anterior, graças a um novo sistema de gestão do motor que conta inclusivamente com sondas lambda e dois sensores de detonação que permitem a utilização de gasolina com menos de 95 octanas.
Também como novidade inclui agora um sistema de controle do deslizar da roda traseira, MSR, que permite suavizar as reduções bruscas e evitar o bloqueio da roda traseira.
Todos os melhoramentos introduzidos traduzem-se na prática numa suavidade extrema proporcionada pelo seis cilindros da BMW, um motor vivo que empurra desde as 1000 rpm, com uma entrega suave e quase imperceptível, subindo de rotação de forma extremamente progressiva mas cheia a partir das 4.000 rpm.
Um pormenor importante é o facto de que a K 1600 mais leve, a versão GT, pesa em ordem de marcha 343 Kg e a mais pesada, a Grand America, atinge os 367 Kg, porém podemos conduzi-las a baixa velocidade graças à sua extrema suavidade mecânica .
Porém, a suavidade na entrega de potência transforma-se rapidamente numa resposta brutal do seu motor e numa rápida subida de regime embora de forma sempre controlável. É bom não esquecer que este bloco de seis cilindros alberga 160 CV de potência cheios de vontade de sair a “galope”. E quando o faz surpreende com um rugido quase de um desportivo de quatro rodas italiano, mas sem vibrações, sem sobressaltos e de forma controlada mas muito, muito mesmo, contundente, fazendo-te esquecer que estás numa Touring com quase 350 Kg.
A caixa de velocidade com Quickshift facilita as rápidas subidas de regime e funciona de forma precisa nas rotações mais altas. Já em regimes de rotação mais baixos recomenda-se a utilização da embraiagem pois a caixa mantém alguma resistência ao seu funcionamento assinalando por vezes ( sobretudo quando engrenas primeira parado ) com um fastidioso “clanck” o engrenar da mudança, algo que a BMW terá que fazer evoluir de futuro neste motores.
Uma dinâmica enriquecida
A sensação de controle que se mantém apesar da generosidade de entrega de potência do seis cilindros é em boa parte assegurada por uma ciclística de luxo e uma assistência eletrónica de última geração.
O bastidor principal, formado por uma ponte em liga de alumínio que utiliza o motor com elemento estruturante, monta um sistema Duolever na dianteira e um sistema Paralever na traseira que integram amortecedores controlados de forma electrónica por um sistema Dynamic ES.
Este sistema, de série em toda a gama K 1600, considera a carga e a inclinação da moto, como a aceleração e desaceleração, ajustando os amortecedores para se adaptar às condições reais de condução e ao asfalto onde circulamos.
Com um funcionamento neutro, mesmo em travagens mais violentas a moto mantém-se equilibrada, sem afundar demasiado a sua frente. Este desempenho permite-nos aumentar o ritmo e conseguir negociar cada curva de forma mais controlada, garantindo uma melhor entrada em curva e trajectórias mais perfeitas, como se a moto fosse num carril.
Em contra, este sistema de suspensão retira um pouco do tacto e sensibilidade que normalmente temos na relação com aquilo que nos transmite da estrada a roda dianteira. A solução é de confiarmos totalmente no sistema e acreditarmos a que a BMW K1600 faça bem o seu trabalho, algo a que a marca germânica já nos habituou mas que nem todos se adaptam ou gostam.
Já no que toca em termos de reduzir velocidade e deter estas pesadas BMWs, o sistema que montam está à altura das mesmas, garantindo um excelente tacto na travagem e a potência necessária para travarmos em segurança em qualquer situação, embora o sistema Duolever dianteiro retire parte do tacto da roda no asfalto a que estamos habituados noutras motos. ( não é defeito é feitio ).
No entanto tudo se passa dentro de uma enorme sensação de conforto, onde não importa se faz frio ou calor, se chove ou faltam muitos Kms para chegarmos ao nosso destino. A razão é pelo facto de irmos comodamente instalados num assento super confortável, sendo que o nosso pendura goza de igual conforto ou ainda mais ( no caso da GTL ).
Dispomos também de punhos e assentos aquecidos, écran dianteiro regulável eletricamente em altura e um espaço considerável de bagagem, para além de uns práticos compartimentos laterais na frente para pequenos objectos. Inclui também um compartimento específico para o nosso telemóvel, totalmente estanque e anti deslizante, com tomada de carregamento e que bloqueia automaticamente quando desligamos a ignição.
Cinemascope
Outra novidade nas BMW K 1600 de 2022 é a adopção de um novo e enorme painel de informação de tecnologia TFT a cores de 10,25 “, permitindo uma visão panorâmica, rápida e clara, de toda a informação disponível. Uma funcionalidade permite-nos ainda visualizar a informação separada em dois campos em simultâneo e claro que o sistema permite uma conectividade total.
O sistema de navegação é aquele que já estamos habituados nas BMW que inclui um anel giratório multifunção situado no punho esquerdo, permitindo com facilidade alterar os modos de condução e ajustar a suspensão eletrónica. Dispomos ainda de quatro botões situados na lateral da carenagem esquerda que podem ser programados selecionando entre 18 opções diferentes de comando.
Outra novidade é o novo sistema de audio 2.0 , agora com as antenas ocultas e que permitem selecionar entre cinco estilos ou perfis diferentes de som e contam com um sistema DAB+ para se obter um sinal optimizado de rádio. A rodar o nível e qualidade de audição é bastante bom, mesmo com capacetes colocados, e melhora ainda mais quando colocamos o écran frontal na posição mais alta.
Também o sistema de iluminação é totalmente novo nas K 1600 de 2022. A estrutura aloja uma nova arquitectura de faróis LED, que incluem luz diurna, e incluem um módulo de ângulo de inclinação para fazer acionar os faróis adaptativos, um pormenor importante que melhora a visibilidade noturna, iluminando o interior das curvas e garantindo um nível de segurança superior.
Como opções estão os habituais Packs da BMW onde encontramos um curioso sistema de iluminação do solo ( tipo tuning ) pormenor que em locais pouco iluminados melhora as condições de visibilidade quando estacionamos ou vamos arrancar. Os Pack habituais que a BMW oferece incluem um Pack Confort e outro Touring, que aumentam a funcionalidade e personalização dos modelos.
Por isso ficas a saber que se te apetecer perder-te pelas estradas deste mundo for a, sem teres que pensar num destino em concreto, a melhor forma de o concretizar será numa luxuosa e confortável K 1600 de 2022. O difícil será escolher aquela que mais te vai gostar entre as 4 versões disponíveis.
E ainda as Bagger ao estilo USA
As versões Bagger da K 1600 de 2022, são cruisers de estilo marcadamente norte-americano, com poisa-pés e plataformas mais adiantadas para colocar os pés e descansar as pernas, numa postura “Easy Rider”, ainda mais confortável e descontraída .
Com um perfil mais baixo e traseiras de estética descendente, ao melhor estilo das cruisers Yankee, onde as malas laterais acentuam ainda mais essa estética. Em termos de equipamento são muito idênticas embora nas cores para além das versões base estão também disponível uma versão 719 Midnight com um acabamento especial realizado por hidro-impressão, com a reprodução da imagem de uma galáxia…
Sobre estas versões falaremos num outro artigo sobre o teste que realizámos.
O que mais nos gostou e o que menos
Solomoto +
- Equipamento de luxo
- Conforto a rodar
- Excelente proteção aerodinâmica
- Grande capacidade de carga
- Conforto do pendura na versão GTL
- Potência do motor com entrega suave
Solomoto –
- Equipamento extra disponível como opção
- Packs opcionais em bloco não separáveis
- Falta de tacto do sitema Duolever da suspensão
Opinião do MOTO+
- Tivemos oportunidade de rodar na BMW K 1600 GTL, gentilmente cedida pela BMW Motorrad Portugal e gostaríamos de destacar sem dúvida alguma o desempenho do 6 cilindros da marca bávara. Suavidade extrema, enorme sensação de controle no punho de acelerador, entrega de potência progressiva e brutal a partir das 5.000 rpm, a proporcionar sensações muito próprias e nunca vividas noutra moto. Boa proteção aerodinâmica e equipamento completo com destaque para o painel TFT de instrumentos de dimensão panorâmica.
- Nota negativa para o tacto da suspensão dianteira e para a caixa de velocidades, que nos regimes altos é precisa e rápida, sobretudo graças à boa actuação do quickshift, mas nos regimes baixos obriga à utilização constante da embraiagem. Pior, sempre que arrancamos a K 1600, há um compasso de espera de alguns segundos, mesmo a quente, antes de engatarmos a primeira, caso não queiram assustar todos à vossa volta. No caso de quererem arrancar rapidamente e de forma despercebida, a solução é arrancar a moto com a primeira engatada e mão na embraiagem. Isso ou aguardarem que a rotação desça abaixo dos 1.000 rpm.
- Na versão GT que pudemos testar em Portugal sentimos também um peso excessivo da moto sobre a roda dianteira, provocando algum desequilíbrio em manobras e a baixa velocidade com o cair da direção no sentido da inclinação da moto. O curioso é que esta realidade não se manifestava na versão B/ Bagger que supostamente tem a mesma ciclística. ( mistério por esclarecer )
Ficha técnica BMW K 1600 2022
Motor tipo: | 6 cilindros em linha, 4T LC, DOHC 24V |
Diâmetro x curso: | 72 x 67,5 mm |
Cilindrada: | 1.649 c.c. |
Potência máxima: | 158,2 CV às 6.750 rpm |
Par motor máximo: | 180 Nm às 5.250 rpm |
Emissões de CO2: | 137 g/km |
Alimentação: | Injeção electrónica |
Caixa: | 6 velocidades |
Embraiageme: | Multidisco em óleo |
Transmissão secundária: | Cardán |
Tipo chassi: | Ponte de liga de aluminio |
Geometría de direção: | 106,4 mm de avanço |
Braço oscilante: | Monobraço de alumínio Paralever |
Suspensão dianteira: | Duolever com amortecedor central, curso de 115 mm |
Suspensão traseira: | Amortecedor com 135 mm de curso |
Travão dianteiro: | Disco de 320 mm com pinça de 4 pistons, ABS Pro |
Travão traseiro: | Disco de 320 mm com pinça de dois pistons, ABS Pro |
Rodas/Pneus: | 120/70 x 17” e 190/55 x 17” |
Distância entre eixos: | 1.618 mm |
Altura assento: | 810/830 mm |
Peso em ordem de marcha | 343 kg (GT) |
Depósito: | 26,5 l |
Consumo médio: | 5,9 l/100 km |
Autonomía teórica: | 449 km |
Garantia oficial: | 3 anos |
Importador: | BMW Motorrad Portugal |
Web: | www.bmw-motorrad.pt |
PVP’s base: | BMW K 1600 GT 27.400 euros BMW K 1600 GTL 29.500 euros |
Cores disponíveis 2022
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BMW K 1600 GTL
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