Teste QJ Motor SRV300 – Uma Custom divertida ao melhor estilo “Sportster”
Quando nos deslocámos a Calders, na Província de Barcelona, para testar cinco modelos da gama 2023 da marca chinesa QJ Motor fomos confrontados com a diversidade dos mesmos, desde uma desportiva com quase 80 cv até à mais pequena Custom que vos apresentamos hoje com apenas 30 Cv e motor bicilíndrico em V.
Ora, como é habitual nestas apresentações, os jornalistas convidados para as mesmas devem rodar em conjunto, guiados por alguém da organização que definiu o percurso a realizar. As diferenças entre os modelos que faziam parte deste teste conjunto, entre motos Adventure, Naked e Custom, deixavam à partida alguma dúvida sobre como, apesar de sermos todos profissionais experientes, conseguiríamos manter o ritmo das mais rápidas, quando nos tocasse testar a 300 com cerca de 30 CV.
Pois estávamos totalmente enganados e o receio inicial não tinha qualquer fundamento e arrisco-me a dizer que durante todo o teste foi com esta SRV 300 que mais me diverti e me mais rápido rodei no percurso revirado de montanha traçado pela organização. Impossível vão dizer, surpreendente diria eu pois esta 300 deixou-nos a todos mesmo surpreendidos.
Mas vamos por partes. Comecei a manhã a rodar numa desportiva Naked da marca, a SRK 700 de motor responsivo, a qual convidava a rodar rápido embora a manhã fria e húmida aconselhasse algum cuidado. De repente já me encontrava numa irmã Aventureira 800 igualmente divertida e de postura mais tranquila, mas logo de seguida tocou-me a SRV300. Tinha entretanto deparado que os colegas que rodavam na mesma nas etapas anteriores colavam-se com facilidade à minha traseira e imprimiam um ritmo suficiente para acompanhar, com alguma facilidade, as motos da marca mais potentes. Assumi que iriam em esforço e que tentavam não perder os restantes membros do grupo de vista.
Nada disso, a SRV 300 era mesmo uma moto que passava confiança a curvar e que cujo motor tinha uma resposta à saída das curvas que permitia seguir com facilidade as motos de maior potência da marca que circulavam na sua frente. Direi mais, a confiança que de imediato no transmitia o desempenho global da mesma e a rigidez do seu chassi fazia com que abordássemos cada curva a um ritmo até superior ao dos restantes modelos, beneficiando de um centro de gravidade baixo e de uma agilidade surpreendente. Quando chegou o momento de trocar de modelo novamente eu quase que preferia continuar com a SRV 300 pois tinha-me divertido muitíssimo na mesma, cometendo inclusivamente alguns excessos, algo criticados pelos meus colegas mas com a desculpa de que era a moto que estava a pedir (… pois ).
Introdução feita, que já me deixou com vontade de voltar a rodar na pequena e irreverente SRV 300, passemos então a descrevê-la tecnicamente e tentar perceber onde está o segredo do seu sucesso.
Um motor em V de Vivo com uma resposta surpreendente para ser um 300
Ora precisamente o que nos surpreendeu logo na QJ SRV 300 foi o desempenho do pequeno bicilíndrico em V com apenas 300 cc. De resposta rápida se mantido acima das 3.000 rpm os 30 CV desta custom da QJ mostravam-se mais vivos do que esperado, com recuperações de regime ao nível de uma 500 ( diria eu ) e uma elasticidade nas subidas de regime que nos permitiam tirar enorme partido do motor garantindo uma condução divertida num percurso bastante sinuoso de montanha.
Houve quem se queixasse de alguma vibração, mas sinceramente eu pouco notei pois e na minha opinião o arrefecimento líquido do motor contribuía para o diminuir das vibrações primárias deste motor. A jornalista espanhola que nos acompanhava chegou a afirmar que algumas vibrações a desconcentravam da condução mas chegava sempre de sorriso intrigante a cada paragem para tirarmos as fotos da praxe.
Uma ciclística de “comboio”
Numa Custom é normal assumir a posição com os pés mais à frente, sentados numa posição mais baixa e mais perto do asfalto e as mãos colocadas numa posição mais alta do que o normal. Já a naturalidade vem com a sensação que a moto nos transmite uma vez a rodar. Atacamos a primeira curva com alguma dúvida e a um ritmo algo demasiado rápido do que quereríamos, isto para não perdermos os nossos colegas da 500 e 800 de vista, mas de pronto, na terceira ou quarta curva, já estávamos em cima dos mesmos, com a SRV300 a pedir-lhes passagem e a desafiar para que consigam manter o seu ritmo.
A firmeza do conjunto e a estabilidade em curva eram surpreendentes, permitindo-nos traçar curvas com enorme precisão e sem qualquer contestação, mantendo um ritmo pouco usual, ao que esperaríamos para este modelo, ritmo apenas limitado pelo roçar das “peseiras” ( ou poisa-pés ) no asfalto.
Suspensões bem afinadas de origem num compromisso misto de desempenho, estabilidade e conforto, ( conforto pouco normal em motos com tão pouco curso de suspensões ) embora não possam ser reguláveis. Os travões chegam para controlar o conjunto, embora uma mordida mais contundente das pinças pudesse ser bem vinda sobretudo porque a moto convida a rodar rápido em montanha. Nota 10 para a ciclística da SRV300 que mais parecia que rodávamos no carril de um comboio.
Estética e Equipamento
Quando nos apresentam por primeira vez e ao vivo a SRV300 a mesma parece-nos uma moto de maior cilindrada. A sua estética remete-nos de imediato para os modelos Sportster da marca norte-americana e vemos claramente que é essa a intenção … com a diferença que os motores HD não conseguiram evoluir para o Euro5.
A pequena “Sportster” carrega assim a imagem criada pela fábrica de Milwaukee no Winconsin USA com o seu depósito em forma de “Peanut”, característico das Sportster, e na cor laranja ( aquela que aviva mais o espírito reverente Easy Rider ). Farol redondo na dianteira, de iluminação full LED e painel LCD, também redondo, reforçam a imagem custom do conjunto. O motor em V com típico filtro do ar entre os dois cilindros contribui ainda mais para a imagem HD. O assento morre suavemente sobre o guarda-lamas traseiro, acompanhando-o nas suas linhas quase como de uma softtail se tratasse.
Com roda de 16” na dianteira e 15” na traseira com o seu pneu 150 a garantir tração e aderência extra em curva. Pneus de uma marca desconhecida, CST ( ?) certamente chinesa, que demonstraram um desempenho também surpreendente a acompanhar com nota positiva o desafio que colocámos à pequena SRV300 durante todo o percurso.
Em termos estéticos a pintura e acabamentos são de boa qualidade, contribuindo para uma imagem global do modelo impactante. Também a sonoridade deste bicilíndrico em V, com escape 2 em 1 e ponteira Pea-Shooter, não deixa ninguém indiferente, realidade que se destaca e que deixa muitos na dúvida sobre a realidade da sua cilindrada.
Em conclusão
Sem dúvida alguma que a QJ Motor com a sua SRV300 consegue de imediato destacar-se das restantes motos do seu segmento, conseguindo garantir o seu lugar num segmento com bastante concorrência. Uma moto de estilo Custom muito fácil de conduzir, baixa suficiente para garantir ser acessível a condutores de qualquer estatura, as motociclistas vão adorar o seu estilo e estática, uma moto ideal para circular com grande estilo na cidade, com um conforto acima do normal para o estilo de moto em que se insere e um desempenho motor/ciclística que deixará muitas outras motos de maior cilindrada muito surpreendidas, sobretudo em percursos revirados de montanha.
A QJ SRV300 está disponível em duas opções cromáticas, a versão preta que foi a que nós tivemos a oportunidade de testar e a versão laranja, aquela que na nossa opinião é a mais impactante e que tem mais a ver com a personalidade irreverente e divertida demonstrada pelo modelo. O seu PVP de 4.890.- eur torna-a acessível à maioria daqueles que procuram uma moto fácil para carta A2.
Ficámos fãs da pequena “Sportster”… será que Milwaukee está também de olho no seu sucesso ?
Galeria de imagens QJ Motor SRV300
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