Ensaio Moto Guzzi V9 Bobber – Reviver o Passado
Não restam dúvidas de que a tendência que se vem manifestando na última década de procura de motos de cariz neo-clássico tem feito renascer marcas do passado e incentivado ao desenvolvimento de gamas neo-clássicas nas principais marcas do mercado. A Moto Guzzi sensível a esta oportunidade tem capitalizado no segmento e lançado novos modelos que apesar da aparência clássica estão repletos de modernidade.
Dentro dos estilos mais marcantes da tendência retro, como as Café Racer e as Scramblers, o estilo Bobber invoca uma época pós II Grande Guerra em que, para se aproveitar toda uma indústria bélica nascida durante esse período, se começaram a utilizar motos militares e adaptá-las para uma utilização civil retirando todos os componentes supérfluos e encortando a traseira da moto (bobbed) para lhe dar um aspecto mais agressivo e personalizado.
A Moto Guzzi V9 Bobber propõe precisamente esse estilo clássico, utilizando o seu conhecido motor em V transversal, de 853cc e que debita a potência de 55CV, uma configuração que remonta à época áurea da marca nos anos 70, quando as versões desportivas Le Mans eram uma das referências máximas da altura.
A primeira aparência é a de uma moto compacta e pesada, de estilo marcadamente vintage, onde o elemento que mais se destaca é obviamente o seu motor , de cilindros em V transversais e tão característicos da marca. Motor que apesar do seu aspecto clássico é no entanto um bloco totalmente novo e tecnologicamente avançado não obstante continuar a proporcionar sensações que nos remontam a 40 anos atrás como seja a torção lateral para a esquerda do chassi sempre que parados rodamos um pouco o acelerador. Pela nossa parte é uma característica que apreciamos pois carrega consigo um sentimento nostálgico que nos faz viajar no tempo. Uma outra é o levantar e baixar da traseira quando aceleramos ou tiramos acelerador, nada de mais pois é característica das motos com transmissão por veio.
A posição de condução é natural e mais confortável em relação ao modelo inicial lançado em 2016 pois o banco é agora mais alto e menos minimalista que o anterior pese embora em termos estéticos a versão actual saia penalizada. No entanto o banco é agora modular e parte traseira pode ser desmontada passando a Bobber a ser monolugar e a recuperar uma estética mais fluida e harmoniosa. As peseiras estão colocadas este ano mais atrás, através da montagem de um dispositivo em liga de alumínio que as faz recuar, eliminando assim a crítica anterior de que os joelhos e canelas do condutor impactavam constantemente com as cabeças dos cilindros do motor.
Ao arrancarmos pela primeira vez com a V9 Bobber notamos de imediato um bom equilíbrio do conjunto e a pouca vibração do mesmo. O binário máximo obtido pelo motor da V9 a baixas rotações de 623Nm às 3.000 contribui definitivamente para a facilidade com que circulamos em ambiente urbano e a baixa velocidade. Já em estrada aberta o motor demonstra uma boa evolução graças a um escalonamento curto da caixa de 6 velocidades, atingindo rapidamente uma velocidade de cruzeiro entre os 120 e os 130 Kmh.
Em estradas sinuosas a Bobber comporta-se de forma neutra, precisa e com uma boa sensação de segurança e de aderência na frente graças certamente às medidas pouco usuais que a Bobber monta na dianteira com roda de 16” mas com um pneu de 130/90, que contribui para a personalidade “bobber” da V9.
Em auto-estrada e a circular em 6ª velocidade entre os 120Kmh e os 130Kmh é onde a V9 Bobber se sente mais à vontade e proporciona maior prazer de condução. Ficámos surpreendidos com a pouca vibração do motor mas também percebemos que a Guzzi não está pensada para grandes velocidades nem altos regimes de rotação do seu bicilíndrico em V.
Com um depósito de apenas 15 litros a autonomia rondará certamente os 200 Kms o que obrigará a paragens dentro desse limite que são bem vindas pois o banco não é muito cómodo. No entanto em utilização urbana e em trajectos de curta duração é perfeito.
As suspensões comportam-se de forma aceitável, proporcionam inclusivamente um nível de conforto superior a outras Bobbers existente no mercado e os travões, de apenas 1 disco à frente e outro atrás, digamos que estão também no limite do aceitável se considerarmos o regime contido a que normalmente iremos rodar na Bobber.
É nesse regime de utilização sem pressas nem agressividades que a V9 Bobber irá sentir-se à vontade e proporcionar-nos momentos de enorme prazer de condução. A informação contida no painel redondo analógico e minimalista é suficiente e condiz com o estilo da moto. Do ponto de vista tecnológico podemos ainda contar com ABS de dois canais e 2 modos de controle de tração. A V9 Bobber inclui ainda um imobilizador electrónico anti-roubo e uma tomada USB.
A Moto Guzzi V9 Bobber é uma moto de estilo clássico, que irá agradar a um segmento de mercado que procura alguma nostalgia e a simplicidade tecnológica do passado. Vemos a Bobber como uma moto que projecta a personalidade e o estilo de vida do seu proprietário, que proporciona uma condução ”easy rider” europeia e marca uma certa atitude de “new old school rebel”.
A Moto Guzzi tem ainda disponível como opção para a sua Bobber a aplicação Multimédia para smartphone que permite medir em tempo real uma série de informações relativamente à moto e à sua utilização. A Moto Guzzi tem ainda uma ampla gama de acessórios específicos para a V9 Bobber que permitem uma personalização total do modelo.
Existem outras opções de mercado, dentro do segmento Bobber, de características algo diferentes mas que disputam o mesmo perfil de utilizador. A Triumph Bonneville Bobber talvez seja a mais potente com o seu motor de 1200cc e 77 Cv e a Indian Scout Bobber mais ao estilo americano .
O seu PVP são 9.990 euros e está disponível em duas cores mate; Preto com grafismos em amarelo torrado e Cinzento com grafismos a vermelho.
Ficha Técnica
Marca: Moto Guzzi | Modelo: V9 Bobber |
MOTOR | |
Tipo | bicilindrico em V a 90º transversal, refrigeração a ar, 4 tempos |
Cilindrada | 853 cc |
Potência Máx. | 55 CV às 6.250 rpm |
Binário Máx. | 62 Nm às 3.000rpm |
Embraiagem | multidiscos em banho de óleo |
Alimentação | Injecção electrónica |
Caixa Vel | 6 Velocidades |
CHASSI E SUSPENSÕES | |
Quadro | Duplo berço em aço |
Suspensão Dianteira | tradicional telescópica de 40mm |
Suspensão Traseira | Braço oscilant com 2 amortecedores reg. Pré carga |
TRAVÕES E PNEUS | |
Travões Dianteiros | Disco de 320mm Brembo 4 pistons com ABS de 2 Canais |
Travões Traseiros | Disco de 260mm 2 pistos com ABS de 2 Canais |
Pneu Dianteiro | 130/90-16 jantes em liga |
Pneu Traseiro | 150/80-16 jantes em liga |
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE | |
Bateria | 12 V, BAH VRLA |
Painel Info | analógico e digital redondo |
Controle Tração | sim |
Ride by Wire | não |
Modos de Motor | não |
Outros | |
DIMENSÕES | |
Comprimento | n.d. mm |
Largura | n.d. mm |
Altura | n.d. mm |
Distância entre Eixos | n.d. mm |
Distância ao solo | n.d. mm |
Altura do banco | 780mm |
Peso total | 199 Kg |
Capacidade do Depósito | 15 litros |
Reserva | 4 litros |
Consumos | n.d. |
Norma Emissões | Euro 4 |
PVP | 9.990 euros |
Concorrência
Indian Scout Bobber 1.133 cc / n.d. CV / 245 Kg / 13.990 euros
Triumph Bonneville Bobber 1.200 cc / 77 CV / 228 Kg / 13.200 euros
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