Comparativo Triumph Street Triple 765 RS de ‘23 versus Ducati Monster SP ‘23

By Pedro Rocha dos Santos on 7 Abril, 2023

O segmento de motos Naked Desportivas de média cilindrada tem vindo a ganhar notoriedade face às mais pesadas e onerosas 1000, aliás são igualmente motos a atingir a potência de algumas motos da gama mais alta ( 130 CV ) e que gozam de muito maior popularidade garaças à sua maior agilidade e desempenho global, com uma excelente relação peso/potência e, no caso das motos que comparamos neste artigo, à sofisticação da sua ciclística, que combinam quadros leves de última geração com componentes topo de gama, a nível de suspensões e travagem, associados a ajudas electrónicas cada vez eficazes.

Para a nova Ducati Monster SP a marca italiana decidiu abandonar a tradicional estrutura de tubos em trelissa do seu quadro e optar por um novo quadro do tipo monocoque “Front Frame” em alumínio que utiliza o motor como reforço estrutural. A versão SP incorpora ainda componentes de topo como as suspensões totalmente ajustáveis da Ohlins que a destaca da versão standard.

No caso da nova Triumph Street Triple 765 RS de 2023, recentemente apresentada no mercado nacional, a mesma beneficia dos desenvolvimentos que a marca tem vindo a realizar para os motores da classe Moto2 do Campeonato do Mundo de MotoGP e ainda de uma ciclística e uma estética aprimoradas, com destaque para a montagem de um amortecedor traseiro Ohlins e adopção de travões Brembo Stylema, convertendo versão de 2023 da Street Triple 765 RS numa verdadeira arma letal em circuito.

Motores de diferentes arquitecturas

O motor da Ducati Monster SP é o tradicional Testastretta de 2 cilindros em V a 90º com distribuição desmodrómica de abertura variável de válvulas, que debita 111 CV às 9.250 rpm e com um impressionante binário de 93 Nm logo às 6.500 rpm, tão característico dos motores de 2 cilindros da Ducati. É um motor algo ruidoso a baixa rotação, que gosta de rodar dos médios regimes para cima, como todos os V-Twin Testastretta e parece ser mais responsivo do que o motor da sua irmã Supersport e não tão desportivo como o da Streetfighter V2. Um motor que, associado a um melhor desempenho da sua ciclística e da maior firmeza das suspensões Ohlins, confere uma personalidade mais divertida na condução da Monster SP. O Testastretta da Monster SP monta Quickshift e embraiagem deslizante e incorpora uma ponteira Termingnoni que retira peso ao conjunto e garante uma sonoridade mais entusiasmante.

O motor tricilíndrico da Street Triple 765 RS ganha com a experiência acumulada pela marca de Hinkley ao longo dos últimos 3 anos a fornecer motores 765 para a Classe Moto2. O motor da RS de 2023 monta agora novos pistons de alta compressão, novas válvulas, árvores de cames… uma lista de melhoramentos que continua tornando o 765 num motor à prova de bala e com um desempenho de Grande Prémio. A potência subiu agora para cerca de 130 CV e o binário está mais distribuído ao longo de todos os regimes. Integra uma nova relação de caixa com uma primeira mais longa e as restantes 5 mudanças mais curtas, embraiagem deslizante, quickshift bi-direcional e um escape redesenhado com apenas um unidade catalisadora e de uma só peça.

Ciclísticas que reforçam o seu carácter desportivo

Já comentámos a adopção de um novo quadro na gama Monster da Ducati, realidade que gerou alguma polémica junto da legião de fãs do modelo que gostariam de ver mantido o tradicional quadro de trelissa em aço. O novo quadro de estilo semi-monocoque em alumínio é mais barato de produzir e oferece maior nível de rigidez ao conjunto e o subquadro está produzido num polímero de fibra de vidro muito resistente. A versão SP da Monster monta um set completo de suspensões Ohlins, com Ohlins NIX 30 na dianteira, que face à sua versão normal oferece um melhor desempenho e uma maior firmeza em condução mais desportiva. O assento da SP está colocado mais alto do que a versão normal o que faz com que a nossa posição coloque mais peso sobre a roda dianteira garantindo um maior controle da dianteira em condução mais agressiva. A travagem é assegurada por uns excelente travões Brembo Stylema que complementam a boa aderência das borrachas Pirelli Diablo Rosso IV.

A nova 765 RS vem com nova geometria de quadro que a torna mais ágil e agressiva com um angulo de Rake que passa de 23.9 para 23.2 graus e um trail também mais curto de 100 para 96.9 mm. A sensação é a de estarmos a pilotar uma moto de competição e a intenção parece ser essa na versão RS face à versão R, o de dotar a nova 765 de uma unidade especialmente preparada para rodar em pista em qualquer Trackday. As novas suspensões totalmente reguláveis, Showa na dianteira e Ohlins na traseira, estão alinhadas com o conceito mais desportivo da RS para proporcionarem um desempenho irrepreensível. A travagem está igualmente entregue à Brembo com a poderosa versão Stylema que ganha em tacto e potência de travagem. O amortecedor traseiro da RS, tal como na Ducati SP, aumenta a altura do assento em cerca de 20mm tornando a posição de condução mais desportiva. A RS monta os super aderentes Pirelli modelo Super Corsa SP V3 que definem o âmbito da sua utilização.

Ajudas eletrónicas de última geração

A Ducati Monster SP incorpora electrónica de última geração, com 3 modos de motor, sendo o que o modo Rain/Wet reduz a potência para 75 CV. Inclui ainda controle anti-wheelie, Controle de Tração e de ABS, ambos em curva, totalmente ajustáveis. Não inclui Cruise Control o que numa moto com estas características não parece ser imprescíndivel. O ABS tem a possibilidade de ser desligado na roda traseira.

Em termos de ajudas electrónicas a RS vai mais longe do que a SP, pois inclui igualmente um IMU de seis eixos com ABS e Control de Tração em curva, 5 modos de motor nomeadamente um modo Track que actua independentemente na roda dianteira e na traseira, anti-wheelie, selectores de control de intervenção de ABS e Controle de Tração, Quickshift bi-direcional e embraiagem deslizante. Inclui como opcional e ao contrário da Ducati, o Cruise Control.

Equipamento e estética

Esteticamente a Monster SP face à sua versão normal ganha brio e agressividade, sendo que a decoração da moto está claramente inspirada na Desmosedici GP do Team Ducati Lenovo. O assento com tampa no lugar do pendura transformando-a em monolugar reforça o cariz desportivo que carrega a versão SP. Tudo na versão SP procura a redução de peso face à sua irmã standard. Os discos são mais leves, a bateria é de lítio também mais leve e claro também o escape especial de dupla ponteira da Termingnoni é mais leve que o original. A Ducati Monster SP está apenas disponível na cor vermelho.

A versão RS da Street Triple 765 de 2023 sofreu algumas evoluções estéticas e em equipamento. As suas linhas estão mais agressivas, a frente mais acutilante com destaque para os faróis mais rasgados e marcados no topo pelas linhas de luz DRL. O depósito de apenas 15 litros tem menor capacidade que o anterior, (menos 2,4 litros) e é revestido por uma capa plástica ao contrário do anterior que era em metal. A iluminação é full LED e os intermitentes desligam automáticamente. O painel TFT a cores de informação mantém as 5” de dimensão e as suas funcionalidades são facilmente geridas a partir de um joystick multi-direcional. A Street Triple RS está disponível em 3 cores, Carnival Red, Silver Ice e Cosmic Yellow.

Conclusão

Sem dúvida que a versão SP de 2023 da Ducati Monster a torna mais irresistível, mais deportiva e mais impactante estéticamente, sobretudo graças aos elementos premium que integra na sua ciclística e à componente gráfica que exibe. Com um motor com provas dadas, que se mantém actual, especialmente afinado para proporcionar uma condução mais desportiva e divertida da SP face a outros modelos da marca que integram o mesmo ( Supersport e Multistrada ). A versão SP justifica o incremento de preço face à sua versão normal pela qualidade dos componentes que integra, que contribuem para um melhor desempenho do conjunto e para um look mais desportivo do mesmo. O seu PVP é de 15.595.- eur.

A Triumph Street Triple 765 RS é o resultado de muito conhecimento adquirido pela marca na alta competição, em Moto2 no Campeonato do Mundo de MotoGP e em Supersport no Mundial de SBK, para além de ser uma das motos mais adoptadas para provas de resistência como é o caso do Bol d’Argent em França. A versão de 2023 pretende manter-se como a referência no seu segmento, sendo a mais potente. Para além da versão RS, mais preparada para rodar em circuito, existe a versão R, mais económica e igualmente desportiva que, com os seus 120 CV ( menos 10 CV que a versão RS ), mantém a fasquia alta face à restante concorrência. PVP da versão RS é de 13.195.- eur. e a versão R é de 10.645.– eur.