Comparativo Top 3 Adventure gama média – Ténéré 700 versus V-Strom 800 versus Transalp 750

By on 4 Agosto, 2023

Estas são de facto aquelas que representam o segmento que maior atenção e crescimento tem vindo a apresentar no sector das motos Adventure de média cilindrada. Motos de utilização mista que nos permitem rodar com conforto em estrada e realizar incursões fora de estrada com maior ou menor desempenho, dependendo da nossa experiência e da preparação e da aptidão de cada um dos modelos.

Obviamente que a Yamaha leva cerca de 4 anos de avanço face às suas novas concorrentes, realidade que lhe tem permitido “afinar” o conceito da sua Ténéré, fazendo-o declinar em diferentes versões e modelos, e preparar terreno para o embate que se avizinhava com a nova concorrência. Por outro lado tanto a Suzuki como a Honda tiveram todo o tempo para perceber o mercado, estudando o sucesso por detrás da Ténéré 700 da Yamaha e aparecer com novos modelos capazes de desafiar a sua liderança.

No meio desta disputa é natural que cada uma pretenda afirmar-se de forma distinta, para ganhar protagonismo e diferenciação, conquistando o seu espaço de mercado. Se por um lado a aposta da Yamaha no modelo Ténéré 700 se mantém, ao longo dos últimos 4 anos, praticamente inalterada e apenas com pequenos ajustes técnicos e de cosmética ( em equipa ganhadora não se mexe ) já a Honda e a Suzuki apresentam modelos totalmente novos, desenvolvidos de raiz, tanto na sua ciclística como na sua motorização.

Pretendemos por isso nesta análise, e depois de termos podido rodar nos diferentes modelos aqui colocados em confronto, definir o que na nossa opinião são os pontos fortes de cada um e aquilo onde mais se diferenciam, tentando que os nossos leitores possam chegar à conclusão de qual aquela que melhor se adequa às suas necessidades, tendo em conta o objectivo da sua utilização, o seu comportamento em estrada e fora da mesma, as ajudas electrónicas à condução e por fim, também a estética, sendo este último elemento mais subjectivo, já que depende do gosto de cada um e onde a da fidelidade a uma determinada marca tem também um papel determinante.

Yamaha Ténéré 700 de 2023

Basta olharmos para Ténéré para ficarmos esclarecidos pela sua estética Dakariana, uma moto concebida para a aventura e com uma estética a fazer lembrar as motos de Rally. Se uma imagem vale mil palavras, certamente que a Yamaha desenhou a sua Ténéré para nos transportar de imediato para outros horizontes e deixar o nosso imaginário navegar por aventuras mil.

E se a estética define o âmbito do potencial da sua utilização também as suas características, ciclística e motorização, estão em sintonia com esse mesmo compromisso aspiracional.  A Ténéré aparenta ser uma moto especialmente desenhada para o OffRoad, face às suas novas concorrentes, e essa primeira percepção reflete-se em todos os seus componentes.

A Ténéré 700 é certamente a moto mais leve das três ( 205 Kg em ordem de marcha ), não só no peso como em sensações, mais ágil no fora de estrada e aquela que apresenta uma posição de condução mais apropriada para o OffRoad. Com um banco estreito e compacto, um guiador que privilegia uma posição de condução em pé e uma proteção aerodinâmica adequada para realizarmos largas etapas de asfalto, de forma perfeitamente integrada na moto.

O seu motor é o conhecido CP2, amplamente utilizado pela Yamaha numa série de outros modelos da sua gama, um bicilíndrico de 690cc com cerca de 73 CV às 9.000 rpm, que entrega a sua potência de uma forma progressiva e elástica.

A sua ciclística está totalmente adaptada a uma utilização OffRoad / OnRoad, sendo porém a moto mais alta das três ( 875mm ) e, tal como as suas concorrentes, monta roda de 21” na dianteira e de 18” na traseira ( 17″ na Transalp e na V-Strom ) com jantes de raios, não tubeless. A suspensão dianteira é do tipo invertida com possibilidade de ajuste.

Do ponto de vista de ajudas electrónicas a Yamaha prima pela simplicidade e conta apenas com 3 modos selecionáveis de ABS. Em termos de equipamento a versão de 2023 conta agora com um painel de informação TFT de 5” a cores com possibilidade de ligação via bluetooth . Integra iluminação full LED e uma pequena tomada USB para ligação de equipamento electrónico. Vem ainda preparada para montagem de Quickshift.

O seu PVP base são 10.950 euros e está disponível em duas cores, Icon Blue e Tech Kamo

Link para o Ensaio realizado da Yamaha Ténéré 700:

A favor

  • – Estética rally
  • – Motor elástico
  • – Agilidade
  • – Simplicidade de utilização
  • – Aptidão OffRoad

A melhorar

  • – Conforto OnRoad
  • – Ajudas eletrónicas ( ? )

Suzuki V-Strom 800 DE

A nova Suzuki V-Strom 800 DE é uma moto inteiramente nova, desenhada a partir de uma folha em branco, realidade que há muito se esperava da marca nipónica. Uma moto moderna e sofisticada, com ADN Suzuki BIG, muito bem equipada na sua ciclística e motorização e completa em termos de equipamento e ajudas e electrónicas.

Ao contrário da simplicidade exibida pela Ténéré a V-Strom apresenta-se com sofisticação e modernidade, oferecendo um compromisso de bom desempenho, tanto em estrada como no todo-o-terreno. 

Esteticamente é aquela que rompe mais com o convencional, a alinhar com os restantes modelos da gama V-Strom e carregando o ADN das linhas das suas antecessoras. Com um assento confortável e ergonómico a apenas 855mm do solo, podemos colocar com facilidade ambos os pés no solo. A posição de condução é mais estradista e menos OffRoad, com um guiador mais plano e largo, quase semelhante ao de uma naked desportiva. O écran dianteiro oferece uma proteção limitada e está mais direcionado de facto para uma utilização offroad.

A V-Strom é muito ágil em estrada e algo mais pesada em utilização offroad, sentindo-se que os seus 230 Kg de peso afectam em parte a sua manobrabilidade. O seu motor, um bicilíndrico em linha de refrigeração líquida com 776cc que debita cerca de 84 CV de potência máxima, caracteriza-se por uma entrega de binário forte desde as baixas rotações, subindo de regime de forma progressiva, realidade que lhe confere maior controle em condução fora de estrada.

O comportamento do chassi em asfalto é bastante neutro e no todo terreno beneficia do bom desempenho das suas suspensões, estas totalmente reguláveis, com um curso de 220mm, tanto na frente como atrás e finalmente de uma travagem eficiente e de bom tacto. 

Do ponto de vista das ajudas electrónicas a nova V-Strom 800 é o mais eficaz dos três modelos, permitindo optar por vários modos de motor ( 3 ) e diferentes níveis de intervenção do ABS, podendo ser desligado à roda traseira. O sistema inclui 3 níveis de controle de tração e ainda um Modo Gravel que intervém no controle de tração de uma forma pouco intrusiva, permitindo fazer derrapar ligeiramente a roda traseira, sem se perder o controle. A forma como se navega nas diferentes opções electrónicas resulta ser bastante intuitiva e fácil.

Em termos de equipamento a V-Strom 800 DE conta com um painel TFT de 5” a cores, com um interface gráfico extremamente legível e intuitivo. Conta ainda com Quickshift bi-direcional de origem, que funciona na perfeição, e sistema de assistência ao arranque e Easy Start. O depósito é o de maior capacidade dos três modelos com os seus 20 litros, garantindo uma maior autonomia.

O seu PVP base são 11.499 euros e está disponível em três cores, Amarela, Cinza e Preta .

Link para o Ensaio realizado da Suzuki V-Strom 800 DE:

A favor

  • – Carácter do motor
  • – Agilidade On-Road
  • – Polivalência de utilização
  • – Equipamento standard
  • – Electrónica OffRoad

A melhorar

  • – Guiador largo e baixo
  • – Calor do motor
  • – Proteção aerodinâmica

Honda Transalp XL 750

A Honda recuperou um ex-libris histórico da sua gama de motos e lançou uma nova Transalp, desta feita de motor bicilíndrico em linha e não em V. Uma moto totalmente nova, tal como a V-Strom 800 da Suzuki, com uma abordagem semelhante a esta última , mais estradista do que Ténéré e explorando o universo de fãs do modelo anterior que há muito ansiavam por uma nova Transalp.

Esteticamente a moto aparenta algum conservadorismo, sem romper com padrões estéticos e buscando alguma inspiração no anterior modelo. Procura obviamente modernidade na sua estética, por isso mais fluida e harmoniosa, exibindo numa das suas versões as cores que a caracterizaram durante mais de uma década (caso da versão Tricolor).

Ergonomicamente a Transalp 750 é perfeita e ao sentarmo-nos sentimos aquela sensação familiar de que a termos conduzido toda a vida. A adaptação é muito rápida e a Transalp demonstra desenvoltura e agilidade na sua condução. Confortável e com boa proteção aerodinâmica a nova Transalp garante viagens longas com um mínimo de cansaço. 

O seu desempenho fora de estrada está acima do expectável e o Setup das suspensões revela um comportamento polivalente mantendo desenvoltura e agilidade. Com um assento a apenas 850mm do solo, é a mais baixa das três neste comparativo. Monta igualmente jantes de raios, mas não tubeless. A travagem é efectiva e doseável, como é característica de todas as motos Honda.

O motor, igualmente um bicilíndrico paralelo, debita 92 cv às 9.500 rpm, revela um maior binário nos altos regimes e menos entrega nos regimes mais baixos, penalizando um maior controle de aceleração fora de estrada, mas proporcionando uma condução mais divertida em estrada.

As ajudas electrónicas são também diversas, contando com 4 Modos de motor e 5 níveis de Controle de Tração. O ABS tem dois níveis de intervenção e pode também ser desligável na roda traseira. Inclui ainda sistema Anti-cavalinhos e como opcional Quickshift bi-direcional. A gestão dos vários Modos de condução é complexa e obriga a alguma habituação ( mais simples porém do que na Africa Twin )

A nova Honda Transalp 750 está disponível em 3 cores , tricolor, Cinzenta e Preta e tem um PVP base de 10.600 euros 

Link para o Ensaio realizado da Honda Transalp 750:

A favor

  • – Preço/qualidade
  • – Agilidade 
  • – Conforto
  • – Proteção aerodinâmica
  • – Facilidade de condução

A melhorar

  • – Amortecedor traseiro
  • – Comutador de luzes
  • – Gestão da electrónica

Em conclusão

Face à experiência de pilotagem levada a cabo com os diferentes modelos podemos concluir que a liderança apesar de ameaçada deverá ser dificilmente abalada, até porque a Yamaha soube diversificar o seu modelo Ténéré introduzindo novas opções equipadas diferentemente para cobrir de forma ainda mais efectiva as necessidades de diferentes utilizações. As diferentes versões da Ténéré actualmente disponíveis, a Rally Edition, a Rally World Raid e a Rally World Rally, para além da versão standard aqui abordada, representam um importante leque de opções com uma diversidade difícil de superar. 

Porém há a considerar o facto de que todas as Ténéré têm acima de tudo uma vocação mais OffRoad, digamos que 50/50 e nalgumas versões talvez 70/30 em prol do fora de estrada. Tanto a Suzuki como a Honda apostam em versões para uma utilização mais polivalente com maior predominância de uma utilização asfáltica mas igualmente com capacidade para enfrentar qualquer desafio fora de estrada. 

Se a Ténéré 700 torna por isso mais evidente o âmbito da sua utilização, entre as novas V-Storm 800 e Transalp XL 750 a escolha terá a ver com a maior ou menor identificação com as características específicas de cada uma. Recomendamos que testem as diferentes opções e sintam qual se adapta melhor ao vosso estilo de condução e ao objectivo que pretende dar à sua utilização.

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