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Triumph Tiger 1200 GT PRO: Mais refinada, menos carácter? (Vídeo) | Ensaio

By on 25 Setembro, 2024

Gostemos ou não, as motos trail vieram para ficar e continuam no topo do mercado das duas rodas. São quase inexistentes as marcas que não têm uma trail ou uma big trail que seja a sua bandeira ou esteja no top 3 de modelos de maior sucesso da mesma. Em 2012 a Triumph estreou a Tiger 1200, e desde então tem sido uma das motos de maior sucesso da marca britânica, equipando sempre as mais recentes e maiores evoluções projetadas pela Triumph. Em 2024, a marca volta a inovar, não com uma revolução no modelo, mas refinando diversos aspetos que têm vindo a ser apontados como menos positivos ao longo dos anos.

Por: João Fragoso
Fotos: João Fragoso

Mexer no coração sem tocar na alma

O grande dilema quando se procura maior suavidade num motor, é tentar que este fique mais suave, mas que não seja apenas “mais um” no mercado. Um ponto apontado como menos positivo na Tiger 1200 ao longo dos anos, era, sem dúvida, as vibrações do motor que depois se transpunham para os pés, para as mãos e também para o assento. Não podemos dizer que isto se fazia sentir como numa monocilíndrica ou numa moto de enduro, mas para um motor tricilíndrico, colocado numa moto aspirante a ser uma grande companheira de viagens, havia certas velocidades que podiam incomodar. Mas se para uns era defeito, para outros isso adicionava também algum carácter à moto e obrigava a saber em que regimes utilizar o motor. Por esse mesmo motivo, a evolução deste tricilíndrico em 2024 pode ser bem-vinda para uns e motivo de desagrado para outros. A verdade é que o bloco está efetivamente mais suave em todos os regimes, com a potência disponível de forma muito linear. As vibrações são agora muito mais reduzidas, o que inclusive nos dá a sensação de que esta Tiger está um pouco mais lenta – isto até olhar para o velocímetro. Com isto, é importante dizer que os 1160 cc e os 150 cv fazem-se notar, mas talvez de uma forma demasiado suave, tornando até o motor um pouco amorfo quando pensamos num bloco de três cilindros em linha com estes números. De forma a suavizar vibrações e aumentar a linearidade, a alma deste motor desapareceu um pouco, estando agora mais perto do comportamento de um tetracilíndrico, do que propriamente dos seus três cilindros, que têm como característica ser um equilíbrio quase perfeito.

O melhor que podemos ter

Sendo este modelo uma das bandeiras da marca, a Triumph não quis deixar de equipar esta moto com os melhores componentes do mercado. Ciclisticamente podemos encontrar suspensões Showa eletrónicas semi ativas à frente e atrás, pinças Brembo M4.30 Stylema na dianteira e também pinças Brembo na traseira. Temos por isso tudo alinhado para que a moto funcione de forma eximia, certo? De forma sucinta, sim. Temos diversos modos de condução, que para além de alterarem os modos de motor, mudando a forma como o acelerador reage ao nosso punho direito, alteram também o comportamento da suspensão de acordo com o tipo de condução que pretendemos realizar. A moto lida muito bem com as pequenas irregularidades da estrada e o assento extremamente confortável ajuda ainda mais a filtrar o alcatrão mais degradado. Ainda assim, quando pretendemos uma condução mais aplicada, a pender para o desportivo, podemos colocar as suspensões mais firmes e a Tiger 1200 GT PRO vai responder muito bem. A diferença entre o modo de suspensão mais desportivo e o mais turístico é muito grande e conseguimos perceber perfeitamente o trabalho que está a ser realizado pela forquilha Showa, seja a ficar mais confortável, ou pronta a atacar as curvas. As suspensões não comprometem em nada e é apenas uma questão de gosto pessoal, a forma como as afinamos, sendo certo que numa questão de poucos segundos podemos passar de uma moto civilizada e bastante confortável, para uma big trail que diz que sim a qualquer curva. A harmonia entre o quadro e suspensões é notória, e a travagem é extremamente potente para nos ajudar a fugir de qualquer situação perigosa. É certo que os seus quase 250 kg se fazem sentir, mas essencialmente a velocidades mais baixas, sendo também notórios fora de estrada, ainda que o foco desta versão seja o asfalto.

Tecnologia para todos os gostos

Já falámos dos modos de motor, da afinação eletrónica da suspensão, mas há muito mais tecnologia nesta Tiger 1200 GT PRO. O QuickShifter bidirecional vem equipado de série e funciona bem, principalmente nas reduções, sendo um pouco áspero em aceleração, mas transmitindo um som delicioso nas reduções. Teos ainda ABS e controlo de tração em curva, controlo de arranque em subida e Cruise Control, tudo de série nesta versão. Tudo isto é controlado através de um painel TFT de 7” que permite conceção ao telemóvel e ainda a uma GoPro para gravações mais intuitivas das voltas aos comandos desta Triumph. O TFT apresenta excelente visibilidade e a sua navegações através dos comandos do lado esquerdo do guiador é muito intuitiva, ainda que o software nos tenha dado a sensação de estar algo lento durante a navegação pelos diversos menus, sem nunca ter falhado, apesar disso. Acima de tudo, e o mais importante, é que durante todo o tempo que estivemos com a Tiger 1200 GT PRO, toda a panóplia de tecnologia funcionou de forma impecável, sem qualquer erro, sendo notória a intervenção do controlo de tração, mas apenas no painel, mostrando que está bem afinado e não impede a nossa progressão.

Ganhar de um lado, perder de outro

É notória a evolução do motor tricilíndrico da Triumph, agora (ainda) mais linear, com uma curva de potência muito homogénea que nos permite circular de forma bastante tranquila em cidade ou a velocidades mais reduzidas em estradas nacionais. Contudo, o seu carácter está a perder-se um pouco nesta suavidade que a marca britânica está a introduzir nestes motores. É verdade que verificamos mais esta característica nos médios regimes – regimes esses que representam a faixa onde são feitas as medições para corresponder às normas EURO5 – mas isto retira personalidade a este motor. Aqui a Triumph tem um trabalho bastante complicado por duas razões. Manter todos os clientes satisfeitos e eliminar vibrações sem tornar este motor demasiado amorfo. É verdade que encontramos uma resposta viva em rotações mais elevadas, mas a típica vivacidade de um motor de três cilindros desapareceu um pouco. Mau? Talvez não para os que gostam de viajar tranquilamente e querem uma moto com 150 cv bastante dócil e que permita controlar facilmente toda essa potência. Mas talvez sim para os que esperam uma resposta mais enérgica e viva desta Tiger 1200 GT PRO. De qualquer forma, não se pode agradar a Gregos e Troianos.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICASTriumph Tiger 1200 GT PRO
MOTOR 
Cilindrada1160 cc
Potência148 cv @ 9.000rpm
Binário130 Nm @ 7.000 rpm
Nº de Cilindros3 cilindros em linha
TRANSMISSÃO 
Caixa de Velocidades6 Velocidades
Tipo de CaixaManual
QuickShiftSim
EmbraiagemMultidisco , delizante assistida
Transmissão FinalCarda
QUADRO 
Tipo de QuadroAço tubular
Sub-QuadroAlumínio
SUSPENSÕES 
Suspensão DianteiraShowa eletrónica, 49 mm
Curso da Susp. Dianteira200 mm
Suspensão TraseiraShowa semi-activo, regulação eletrónica automática
Curso da Susp. Traseira200 mm
TRAVÕES 
Travões dianteiros2 x 320 mm, Brembo M4.30 Stylema
Pinças de Travão Diant.4 pistões
Travão TraseiroDisco de 282 mm, Brembo
Pinça Travão Tras.1 pistão
 
JANTES E PNEUS 
Medida do Pneu Diant.120/70 R19
Medida do Pneu Tras.150/70 R18
AJUDAS ELECTRÓNICAS 
Modos de MotorSim
OutrosABS em curva, modos de amortecimento, Cruise Control, Controlo de arranque em subida
Controle de Binário e TraçãoSim
DIMENSÕES 
Distância entre Eixos1560 mm
Altura do Assento850 / 870 mm
Distância ao Solon.d
Capacidade do Depósito20 Litros
Peso a cheio245 Kg
CONSUMOS / EMISSÔES 
Consumo Médio – anunciadon.d
Consumo Médio – testado5.9L/100 km
Emissões CO2Euro 5
CORES 2024 / PVP 
Variantes / CoresSnowdonia White; Carnival Red; Sapphire Black
PVP Base s/ despesas de mat.22.095€
PONTUAÇÃOTRIUMPH TIGER 1200 GT PRO
Estética4
Prestações4
Comportamento4
Suspensões4.5
Travões5
Consumo3,5
Preço3,5
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