MotoGP: Quebra de audiências no MotoGP faz disparar os alarmes

By on 8 Junho, 2022
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A Fórmula 1 explodiu em Montmeló, mas o MotoGP teve a assistir menos de metade das pessoas. A ronda europeia do campeonato do mundo não tem sido nada boa, com audiências baixas, vendas de bilhetes fracas… O futebol, o ténis e os Grandes Prémios de F1 estão a superar largamente as audiências do MotoGP.

Os fãs do MotoGP não parecem felizes com a ‘sobredose’ de aerodinâmica que as motos atualmente têm. Na opinião dos entendidos isso está a tirar espetáculo às corridas, gerando menos ultrapassagens, menos batalhas, enfim, toda a carga de emoção que os Grandes Prémios de motociclismo precisam… com água para a boca.

Além disso, em tempos de austeridade, cada vez menos pessoas acedem aos canais pagos de televisão, e o MotoGP corre o risco de a meio a uma mudança geracional, os novos pilotos não gerem fãs. Mas, vamos a números…

O Grande Prémio de Itália fez disparar todos os alarmes. 43.661 pessoas assistiram às corridas de domingo no circuito de Mugello , um número muito pobre em comparação com a atmosfera habitual na lendária pista italiana. Sem ir mais longe, em 2019, antes da pandemia, entraram mais de 83 mil, quase o dobro! E essa foi a tendência que se repetiu durante quase todas as corridas europeias.

Em Portimão, a venda de bilhetes foi regular, mas o MotoGP estava confiante em fazer um grande sucesso em Jerez , onde não tínhamos uma corrida com público há dois anos. A grande catedral espanhola não poderia falhar, mas falhou: 58.000 espectadores, contra 75.000 em 2019. Le Mans atenuou um pouco o declínio. Foi o único circuito europeu em que os dados subiram face a 2019, e o motivo tem nome próprio: Fabio Quartararo. Com o atual campeão mundial de MotoGP, sendo um piloto local, as vendas de ingressos no circuito Bugatti aumentaram de 104.000 em 2019 para 110.000 em 2022.

No entanto, após o Grande Prémio de França ter mitigado a ‘crise’, Mugello e Montmeló foram uma chapada sem dó nem piedade. Cerca de 60.000 espetadores entraram em Barcelona no dia da corrida, enquanto duas semanas antes, no Grande Prémio de Espanha de Fórmula 1 tiveram que ser montadas bancadas extras para acolher as cerca de 140.000 almas que viram a vitória de Max Verstappen em Montmeló.

A quebra de espetadores em Mugello foi atribuída ao fato de ter sido o primeiro Grande Prémio de Itália sem Valentino Rossi, ao que se juntaram outras desculpas um tanto sem sentido: havia um concerto nas proximidades, decorria o Grande Prémio de Fórmula 1 no Mónaco, etc., etc… Mas a verdade é que um bilhete para ver a corrida custava 150 euros, o que foi considerado como um abuso.

Por fim, e como se não bastasse, também as audiências na televisão estão a sofrer. Por exemplo, o MotoGP não está a rentabilizar muito os 12,5 milhões de euros por temporada que recebe da DAZN nos quatro anos em que o operador transmite o campeonato do mundo. A temporada não começou mal, com 407.000 espectadores no Grande Prémio do Qatar, dobrando os números do ano anterior. Lembremos que Marc Márquez não correu a corrida de 2021, mas sim a de 2022. No entanto, parece que assim que os fãs do país vizinho foram percebendo que Márquez também não venceria este mundial, foram aos poucos desligando a TV.

Em Mugello, a audiência do MotoGP no canal DAZN da Movistar Plus+ foi de 222.000 espectadores , em comparação com os 345.000 que assistiram à mesma corrida no ano passado. No top 30 dos conteúdos mais vistos da televisão por assinatura durante o mês de maio em Espanha, há muito futebol, muito ténis e até três Grandes Prémios de Fórmula 1, mas nenhum conteúdo de MotoGP. A falha das audiências no pagamento contrasta diretamente com o que acontece com os programas em canal aberto.

O Grande Prémio de Espanha em Jerez pôde ser visto ao vivo na RTVE e o resultado foi 1.164.000 espectadores e uma participação de 16,6% . Mais vistos no domingo de manhã. O mesmo evento foi seguido por 195.000 pessoas nos canais pagos e 36.500 no canal Twitch.

Assim, não é de admirar que a Dorna esteja a pensar seriamente em regressar ao canal aberto. O contrato que liga o MotoGP ao DAZN termina no final de 2022, e parece pouco provável que a plataforma aceite renová-la nos mesmos termos.

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