Teste BMW S1000XR, a desportiva mais turística da marca alemã

By on 27 Outubro, 2020

texto de Helder Monteiro

 

 

Introdução

A nova BMW S1000XR é uma trail desportiva da marca Alemã,  que juntamente com a sua irmã mais nova, a bicilindrica F900XR partilha o conceito numa utililização puramente estradista. Para uma utilização mais abrangente com a componente todo o terreno existe a gama GS que é também proposta pela marca.

Este novo modelo vem substituir o inicial lançado em 2015 tendo como objectivo desenhar uma moto mais leve, mais agil e mais fácil de conduzir

 

O motor proveniente da desportiva S1000RR, mas adaptado ao conceito touring,  atinge na XR os 165cv às 11000 rpm com um binário máximo de 114 Newtons metro, que chegam às 9250 rpm…uma brutalidade, que juntanto aos 205 quilos a seco, cerca de 10 quilos mais leve que a sua antecessora, fazem deste conjunto um cocktail explosivo para desfrutar por condutores experientes. Todo este binário nesta faixa de rotação é possivel devido ao trabalho desenvolvido nas arvores de cames e nos colectores específicos para a XR…

 

Design e equipamento

Nas novas linhas deste modelo,  com a frente bem agressiva a acolher os novos farois de led com luzes adaptativas, encontramos também o vidro deflector perfeitamente regulável em andamento apenas com o acionamento de uma alavanca. A traseira é em tudo identica à sua irmã superdesportiva com os piscas a funcionarem também como luz de presença e stop!

A iluminação nocturna proporcionada por estes novos faróis é de excelente qualidade não necessitando na nossa opinião de qualquer upgrade tão usual noutros modelos.

Estreia também o novo painel TFT de seis polegadas e meia, que com o BMW Motorrad Connectivity liga a moto ao telemovel e ao capacete através de Bluetooth permitindo usufruir das nossas musicas preferidas para além de toda a informação do já conhecido GPS navigator 6 disponivel como opcional…encontramos também um muito util compartimento para cartões de portagem e um espaço de arrumação, com quase dois litros de capacidade, debaixo do banco do passageiro.

 

Como desportiva que é a BMW preparou uma série de peças em carbono da linha M, que ainda dão mais carácter a este modelo, que podem ser adicionadas como extras.

Num soalheiro domingo fomos testar a nova BMW S1000XR, por estradas com pouco movimento devido ao confinamento provocado pelo covid19 e que estavam perfeitas para avaliarmos este novo modelo. Com as suspensões ESA semi activas a ajustarem automáticamente o peso do condutor e do eventual passageiro, assim como as condições do piso, escolhemos o modo de condução ROAD para um tranquilo passeio pela zona a norte de Lisboa. A protecção aerodinamica foi bem estudada sem nunca se notar grande impacto do vento. é agora mais fácil de levar e sem as vibrações que se verificavam no modelo anterior que são praticamente Inexistentes. Esta é agora uma moto com um potencial para turismo maior que o modelo anterior…o escalonamento da caixa de velocidades é apropriada para uma utilização relaxada e ao mesmo tempo divertida, onde podemos rodar em 6ª sempre com bastante motor disponivel, ou brincarmos com um troca constante de velocidades usando o quickshift que tão bem funciona neste modelo

 

Uma viagem a solo ou com passageiro aproveitando tudo o que a moto oferece não só nos assentos e proteção aerodinamica como também na capacidade de carga com as malas exclusivas da BMW e que vestem como uma luva neste modelo. Nelas podemos levar tudo o que é necessário para uma viagem mais prolongada. A vantagem do equipamento original BMW é que todas as fechaduras usam a mesma chave. No guiador encontramos os comandos comuns às restantes linhas da BMW com a muito util “roldana” para chegar a todos os menus do novo ecrã TFT. Existe como opcional o muito util botão SOS para situações de emergência, que recomendamos. A ECALL, “Chamada de Emergência Inteligente” desenvolvida pela BMW Motorrad, contacta um centro de atendimento da BMW em caso de emergência. O sistema está instalado de forma fixa no guiador e aciona os serviços de emergência no mais curto espaço de tempo. Através da utilização do sistema ECALL, é possível garantir que os serviços de emergência chegam ao local necessário de forma rápida.

 

 

O banco do condutor é uma perfeita baquet…não é apenas sentar, ficamos efectivamente encaixados nas suas formas, fazendo com que as acelerações alucinantes deste motor sejam absorvidas duma forma mais segura….Não tendo o conforto das suas primas GS, e sendo até um pouco duro, não condiciona umas etapas mais longas… 

 

Os consumos mantem-se nos cerca de 6,5 litros aos 100, permitindo uma autonomia muito razoável, superior a 300km com o seu depósito de 20 litros.

Uma nova ponteira bastante mais pequena e integrada nas linhas da moto cumpre já os critérios EURO5 com emissões menores de Co2 .

 

A BMW como marca premium tem especial atenção ao detalhe que está bem presente também aqui na XR…um exemplo é a forma como acionamos o descanso lateral, com uma posição bem estudada entre a peseira e o pedal das mudanças, nem precisamos olhar para o descer. Da mesma forma o descanso central é bastante fácil de utilizar com a altura certa para colocar a moto direita. Simplesmente perfeito!

 

Condução (ou pilotagem?)

Esta moto insere-se no segmento das touring desportivas, mas até que ponto não é touring e ao mesmo tempo desportiva? Se na componente turistica ficámos plenamente convencidos…fomos testar a componente desportiva…

Mudamos o modo de condução para o Dynamic PRO em que podemos ajustar vários parâmetros de motor, desde a resposta em baixa até à actuação do travão motor…O lado desportivo é forte neste modelo…todo o ADN da S1000RR está lá, temperamento, potência, capacidade de travagem e uma manobrabilidade muito ao jeito da sua irmã menos carenada S1000R…esta condução em cima de um guiador em detrimento dos avanços da sua congénere de pista a RR, faz maravilhas na estrada proporcionando uma toada rápida…sempre perto dos limites de velocidade e com uma segurança fantástica…temos máquina para desfrutar estradas com curvas. A utilização da configuração de suspensão em Dynamic faz toda a diferença e é muito recomendada numa utilização desportiva sentindo-se ainda assim algo mole numa condução mais empenhada faltando talvez uns pneus mais desportivos. Apenas um senão…o desenho do assento quando nos queremos aproximar de uma condução em pista torna-se dificil sair dele…não foi bem conseguido nesse aspecto.

As pinças de travão da brembo proporcionam uma travagem forte e progressiva que fica registado no painel quando utilizamos o modo sport. No painel fica também o registo da actuação do controle de tracção e um indicador dos graus de inclinação que na nossa opinião é perfeitamente desnecessário numa moto que não tem aspiração a ser utilizada em competição.

Os consumos, esses sobem naturalmente com uma toada mais desportiva levando a que a autonomia baixe consideravelmente e obrigando a mais paragens para abastecer.

O prazer que retiramos desta moto rapidamente faz esquecer a gasolina consumida e o objectivo passa por encontrar estradas reviradas onde se possa extrair o sumo que este conjunto proporciona.  E que sumo sai deste motor…

 

Conclusão

Os ingleses usam um termo para motos deste género….hooligan bike! Não poderiamos estar mais de acordo…a XR faz lembrar a novela do escocês Robert Louis Stevenson…esta moto tem mesmo um Dr Jekyll e um Mr Hyde escondidos no seu ADN. Como utilizadores de motos como este nivel de performance teremos sempre de saber dosear com qual dos dois personagens queremos partilhar a estrada…qualquer um deles estará sempre disponível, basta mudarmos o modo de condução. E usufruir ao máximo desta maravilha tecnológica.

 

Mais

  • Motor potente e utilizável
  • Posição de condução
  • Ecrãn TFT 6,5 polegadas
  • Capacidade desportiva
  • Travagem
  • Suspensão ESA semi activa

 

Menos

  • Desenho do assento para condução desportiva
  • Indicador de inclinação (dispensável)
  • Suspensão algo branda no limite

 

 

Concorrentes

  • KTM 1290 Super Duke GT    ( 20 978€ ; 175cv ; 209kg a seco )

 

  • Ducati Multistrada 1260s     ( 21 295€ ; 158cv ; 209kg a seco)

 

  • Kawasaki Versys 1000SE     ( 19 895€  ; 120cv  ; Peso: 235kg a seco )

 

Ficha técnica:                 

Motor

Tipo motor:

Motor a quatro tempos e quatro cilindros em linha, refrigeração líquida/óleo, quatro válvulas por cilindro

Diâmetro x curso

80 mm x 49,7 mm

Cilindrada

999 cm³

Potência máxima

121kW às 11 000 rpm

Binário máximo

114 Nm às 9250 rpm

Relação de compressão

12,5 :1        

Gestão do combustível

Injeção eletrónica na tubagem de admissão/gestão digital do motor: BMS-O com acelerador eletrónico

Controlo de emissões

Conversor catalítico de três vias

Prestações/Consumo:

Velocidade máxima

Superior a 200 km/h

Consumo por cada 100 km de acordo com o WMTC

6.2 l/100km 

Emissões de CO2 de acordo com o WMTC

144 g/km   

Transmissão:

Embraiagem

Multidisco em banho de óleo (função deslizante) com autorreforço

Caixa de velocidades

Seis velocidades com veio de sincronização, integrada no cárter

Transmissão secundária

Corrente 525

 

Ciclística/travões:

Quadro

Dupla trave em alumínio, com motor autoportante

Suspensão dianteira

Forquilha telescópica invertida, diâmetro de 45 mm, ajuste eletrónico da compressão e expansão (Dynamic ESA)

Suspensão traseira

Dynamic ESA, pré-carga do amortecedor com ajuste eletrónico, afinação eletrónica da expansão e compressão

Curso da suspensão dianteira/traseira

150 mm / 150 mm    

Distância entre eixos

1522 mm

Avanços

116 mm    

Ângulo da coluna de direção

65,1°  

Jantes

Alumínio fundido

Jante dianteira

3,50″ x 17″    

Jante traseira

6,00″ x 17”    

Pneu dianteiro

120/70 ZR 17    

Pneu traseiro

190/55 ZR 17    

Travão dianteiro

Dois discos flutuantes, diâmetro de 320 mm, pinças fixas de quatro êmbolos

Travão traseiro

Disco simples, diâmetro de 265 mm, pinça flutuante de dois êmbolos

ABS

ABS Integral BMW Motorrad (versão integral-parcia

 

Dimensões e pesos:

Altura do banco, peso a seco

840 mm (790 mm)

Arco interior das pernas do condutor, peso a seco

1880 mm (com suspensão rebaixada EO: 1809 mm)

Capacidade do depósito

aprox. 20 l

Reserva

aprox. 4 l

Comprimento

2333 mm

Altura (sem espelhos)

1411 mm    

Largura (modelo base/com proteções para as mãos/com malas)

850 mm/917 mm/967 mm

Peso a seco

205 kg    

Peso sem carga, com meios de funcionamento, depósito cheio

226 kg

Peso máx. permitido

450 kg

 

 

Nas cores vermelho racing como a deste teste, para além da Cinzento “ice”, a BMW S1000XR está disponível a partir de 17 995€

 

 

 

 

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