Teste Yamaha MT-07 – Uma excelente opção urbana
A Yamaha chama à sua MT07 uma Hyper Naked, salientando as características desportivas do motor bicilíndrico paralelo de 689cc mas o que ela é, isso sim, é uma excelente moto para utilização mista, acessível, versátil e ágil.
As origens do modelo recuam a 2014, tendo passado a ter travagem ABS como equipamento de origem em 2018, e agora uma atualização estética para 2020.
O Motor
O motor de 689cc da Yamaha MT07 debita 75 cavalos produzidos às 9.000 RPM, e é um bicilíndrico paralelo CP2, que emprega a tecnologia de desfasamento da cambota a 270 graus a que a Yamaha chama “CrossPlane”. Esta tecnologia, proveniente da R1 de Superbike, desfasa a ordem de disparo dos cilindros a 270 graus, em vez dos 180 graus convencionais, e está na origem da sensação de suavidade e excelentes caraterísticas de tração do motor, que parece quase um V2, sempre pronto a responder muito a partir de baixos regimes e aparentemente dotado de uma suavidade infindável. Graças a esta unidade de 8 válvulas, a Yamaha MT 07 está tão à vontade no trânsito citadino como em curtos percursos de Auto-estrada ou a atravessar estradas regionais dando luta a alguma desportiva. O motor é mesmo a estrela deste conjunto, uma unidade espantosamente flexível e agradável, com uma boa sensação de resposta no punho, reação imediata a qualquer solicitação do acelerador e uma suavidade que nega a sua configuração de bicilíndrico paralelo.
Só se permitirmos ao motor baixar muito de regime é que vamos experimentar aquele bater típico deste tipo de motores, de resto, acima das 3.500 até ao redline de 9.000 e um bocadinho para lá, o motor fornece sempre potência, subindo alegremente de regime com suavidade e acelerações adequadas, se não propriamente espantosas, até bem para lá do que seria confortável, ou legal, levar uma naked.
A ciclística
Quando dizemos que o motor é a estrela do conjunto, até porque, como de rigor nas Yamaha, é servido por uma caixa suave, de seleção positiva e bem escalonada ao longo das suas 6 relações, não se entenda por isso que falta alguma coisa ao chassis da Yamaha MT07.
Pelo contrário, dotada de um quadro tubular diamante, também aqui a moto está imensamente à vontade em manobras lentas em cidade ou em curvas profundas e encadeadas a maior velocidade, e revelou muita linearidade, quer na inserção em curva quer na manutenção da trajetória escolhida.
Só que, lá está, com um preço base de €6.995 não se pode pedir muito mais e o calcanhar de Aquiles desta MT07 é um garfo dianteiro sem ajuste e um bocadinho duro demais. A unidade tem tendência a repetir muito qualquer solavanco nas nossas estradas, e embora maravilhosamente complementada por um excelente amortecedor traseiro, montado diretamente nos cárteres, que ajuda à simplicidade do modelo, isso pode tornar condução espirituosa um bocadinho desagradável. Do lado da travagem também não há nada dizer, o excelente disco traseiro de 245 mm dá imensa sensação e é ótimo em cidade, e os dois potentes discos pétala de 282 mm à frente também cumprem perfeitamente a sua função, sem que a mordida por vezes seja tão imediata como outros modelos que poderíamos mencionar.
A MT07 insere-se na série a que a Yamaha vem chamando “The Dark Side of Japan”, um piscar de olhos às suas irmãs maiores MT10 e MT09, essas sim, verdadeiras streetfighters.
A condução desportiva resultante, que é uma vocação escondida desta moto, é ajudada pelos excelente pneus Bridgestone Battlax , em 120/70/17 dianteiro e 180/55/17 traseiro, que muito contribuem para a maneabilidade e comportamento linear nas curvas, sem serem alheios ao ocasional escorregão sobre linhas brancas, mas nunca nos fazendo perder a confiança no conjunto.
Ergonomia
Em termos de ergonomia, a moto também é uma boa combinação de acessibilidade e conforto, vamos sentados algo direitos no banco de 805 mm de altura, com os pés colocados corretamente, nem muito à frente nem muito para trás, e graças ao guiador quase plano, com um bocadinho de inclinação podemos facilmente chegar à frente e tirar o corpo do vento, visto a proteção aerodinâmica ser praticamente inexistente. Isto em velocidades acima dos 140 Km/h, até lá a inclinação normal do tronco dada pelo guiador algo direito e bastante curto é perfeitamente adequada. A informação no pequeno mostrador LED inclui trips, mudança selecionada, nível de combustível, horas, e luzes avisadoras várias. Com a Yamaha a reclamar cerca de 4,3 l de consumo aos 100 para este modelo, confessamos que esperávamos um bocadinho mais de economia, pois na verdade com condução espirituosa o modelo fica-se por volta dos 5,5 l, que mesmo assim, em vista das prestações, não é assustador.
A MT07 tem um bom banco, relativamente confortável para o condutor, mas nem tanto para o pendura, até porque a pequena plataforma que lhe é destinada é um bocadinho afastada para trás e cria um intervalo entre ambos. O seu peso de 182 quilos, tudo inclusivo, acaba por se revelar muito ligeiro em condução, mas talvez gostássemos que o depósito de 14 l levasse um bocadinho mais, porque parece que a cada passeio está a acusar a necessidade de ser reabastecido de novo.
As versões de cor disponíveis deste modelo são três, com a unidade ensaiada o chamado Ice Fluo, um cinza mate onde ressaltam pormenores como as linhas no depósito e jantes a laranja fluo, o Icon Blue, um azul profundo que é muito típico Yamaha e lindíssimo na nossa opinião, e um negro HiTek Black para quem gosta de apostar numa coisa mais discreta.
FICHA TÉCNICA | Yamaha MT07 |
Motor | Bicilíndrico Paralelo, refrigeração líquida, 4 tempos, DOHC 8 válvulas |
Potência | 74,8 cv às 9.000 rpm |
Binário Máximo | 68 Nm/6.500rpm |
Diâmetro x Curso | 80 x 68,6 mm |
Ignição /Alimentação | TCI/ Injeção eletrónica |
Emissões CO2 | 100 g/km de CO2 |
Cilindrada | 689 cc |
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Ciclística | Diamante em aço tubular |
Dimensões | 2.085 x 745 x 1090 mm |
Suspensão Frente | Forquilha telescópica, curso 110 mm |
Suspensão Traseira | Monoamortecedor em Braço oscilante, curso 75 mm |
Angulo direção/ Trail | 24.50 graus /90 mm |
Pneus, Frente – Trás | 120/70 R17 – 180/55 R17 tubeless |
Travão dianteiro | Discos 282 mm c ABS |
Travão traseiro | Disco 245 mm c ABS |
Altura do assento | 805 mm |
Distância entre eixos | 1400 mm |
Distância livre ao solo | 140 mm |
Transmissão final | Corrente |
Peso, ordem de marcha | 182 Kg |
Depósito de combustível | 14 litros |
Preço | 6.995 € |
A concorrência
Quanto à concorrência, existe a Kawasaki Z650, que custa 7.390 Euros embora com 68 cv às 8.000 rpm ofereça menos 7 cavalos que a MT07, a Suzuki GSX750A, que com motor tetra cilíndrico tem muito mais potência, 99 cavalos, mas também custa 9,399 Euros e pesa 211 Kg, e a Ducati Monster 797, que oferece exatamente a mesma potência de 75 cv para 175 Kg, mas por um preço também mais elevado de 9.345 Euros… Decerto, as qualidades que salientámos de agilidade, flexibilidade, boa resposta motor e ainda por cima uma excelente relação preço-desempenho colocam a MT07 como a estrela do segmento, uma moto ágil, versátil, agradável de conduzir e confortável.
Yamaha MT-07 6.995€ / 75 cv / 182 Kg
Benelli 752S 7.480€ / 76 cv / 228 Kg
Ducati Monster 797 7.345 € / 75 cv/ 175 Kg
Kawasaki Z650 7.390 € / 68 cv/ 197 Kg
Suzuki GSX750A 9.399 € / 99cv / 211 Kg
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