Qual o tipo de moto ideal…para quem só pode ter uma?
Eis a grande questão que interessa à grande maioria dos motociclistas!
Analisar os vários Segmentos, as Especificações e as Fichas Técnicas, tentar identificar os Prós e Contras de cada modelo, enfim muitas horas a pensar no assunto e muitas voltas à cabeça..
Serve este artigo para orientar o leitor na escolha acertada para si mesmo, porque afinal, é disso que se trata.
Ter uma única moto é a realidade nua e crua para muitos de nós! Mas será que conseguimos fazer tudo o que pretendemos com uma só moto?
Começando pelo básico, não existem duas pessoas iguais, logo, a resposta que procuramos é muito específica e própria a cada um de nós.
Todos os fabricantes pretendem alcançar o compromisso que permita produzir o modelo de moto que consiga servir todos os propósitos, mas tal não é possível, por isso lançam as suas tentativas cada vez mais complexas e imaginativas, algumas com sucesso e que acabam por derivar em tendência, sendo copiadas por outras marcas..
Não existem duas pessoas iguais, não existem duas motos iguais.
Provavelmente a moto ideal para quem só pode ter uma será aquela que não nos irá limitar…mas vamos passar por alguns considerandos:
1-Uma boa moto citadina deve ser fácil de manobrar entre o trânsito, o seu assento deve ser baixo o suficiente para dar confiança para o condutor efetuar uma paragem inesperada a qualquer instante, deve contar com sistema ABS para as travagens buscas de emergência, deve ter um motor suave sem grandes vibrações a baixas rotações e se possível que não emita calor excessivo.
2-Uma moto que seja ideal para viajar deve ter elevada capacidade de carga, binário suficiente para subir serras completamente carregada com condutor e pendura sem grande esforço, travões que acompanhem esse peso extra na hora de descer a serra, grande autonomia, banco confortável, espaço para as pernas e muita proteção aerodinâmica.
3-Olhando agora para uma moto com capacidade desportiva (que seja divertida, portanto) deve ser leve, motor potente, travões potentes, deve ter uma dinâmica de condução exemplar, pneus que confiram bastante confiança e deve ser dotada de eletrónica que permita ao condutor explorar tudo isso e muito mais.
4-Além tudo isto, se um condutor pretender viajar para locais que desconhece, provavelmente vai ser obrigado a levar a moto por trilhos que são tudo menos alcatroados. Portanto, deverá ainda ter um curso de suspensão considerável, pneus com alguma capacidade para andar fora da estrada e talvez uma roda maior na frente.
Mas há mais aspectos a considerar, no que diz respeito ao seu tipo de utilização.
Uma moto que tente servir todos estes propósitos irá com certeza falhar alguns deles, mas conseguiremos aferir muito melhor a nossa escolha se conseguirmos definir objectivamente as nossas prioridades.
Motor
Para que uma moto seja leve e ágil num ambiente confinado como o trânsito nas grandes cidades não deve ser de cilindrada excessiva pois isso irá aumentar o seu tamanho e peso. Por outro lado, deve ter potência suficiente para que seja divertida e capaz de transportar carga com facilidade. Nos dias de hoje poderemos considerar um intervalo entre os 500 e os 1000cc de cilindrada, o que talvez nos assegure um bom compromisso entre peso, dimensão e potência.
Ao nível do motor devemos ter em conta que um motor monocilíndrico, embora seja ótimo na cidade e em offroad, em estradas mais abertas, especialmente em auto-estrada é um motor com elevada vibração o que não é desejável numa viagem. Por sua vez, um motor de quatro cilindros, embora seja possível extrair uma enorme potência a partir dele, essa entrega de potência encontra-se a rotações elevadas. É um motor associado a consumos mais elevados e para um passeio com pendura e carga seria ideal obter um bom binário logo desde as rotações mais baixas, não ficando obrigado a esticar as relações de caixa. Assim, a solução que consegue abranger mais critérios, situa-se nos dois cilindros (sendo em “V”, em linha ou tipo boxer), ou então nos três cilindros em linha. Estes motores de dois ou três cilindros são conhecidos por ter uma excelente relação entre peso, consumo e performance. Além disso caracterizam-se por uma entrega de potência linear e com binário disponível desde cedo. Não obstante destas vantagens para utilização citadina e em viagens, hoje em dia, este tipo de motores possuem potência suficiente para nos deixar um sorriso na cara com andamentos mais acesos.
Ciclística
Para condutores que quererão sair da estrada de vez em quando, a sua escolha deve ser mais dirigida a modelos com roda dianteira de 19’ ou 21’. Para aqueles que procuram mais performance em asfalto deverão considerar 17’ para a roda da frente.
A verdadeira allrounder deve ter proteção aerodinâmica, pois só assim irá conseguir cumprir o máximo de requisitos. Outra questão que poderá trazer uma grande mais valia é o ajuste de suspensões. Diferentes estilos de condução deverão ser acompanhados por diferentes afinações de suspensão na frente e na traseira obviamente. Assim, uma moto que detenha suspensões reguláveis é uma enorme mais valia, mesmo que seja mecânica e não eletrónica, a capacidade de ajustar suspensões permite que o condutor explore de forma muito mais aprofundada a sua moto.
Resumindo, quais são as características que consideramos importantes para uma moto polivalente:
Em Cidade:
-Altura do assento não muito alta
-ABS
-Motor suave
-Motor que não aqueça demasiado
-Não demasiado larga
Em Viagem:
-Capacidade de carga ( Caixas Hard Case)
-Motor com binário
-Motor com pouca vibração
-Bons travões
-Depósito com boa capacidade
-Banco confortável
-Proteções aerodinâmicas
Em Todo-o-Terreno:
-Bom curso de suspensões
-Roda dianteira maior
-Pneus polivalentes
Em Estrada:
-Bom comportamento dinâmico
-Motor elástico com binário desde os baixos regimes
-Boas suspensões, travões e pneus
-Estabilidade em recta e em curva
Em Condução Desportiva:
-Suspensões reguláveis
-Travões gama alta
-Modos de condução
-Ajudas electrónicas
-Pneus com mais aderência
Considerando todas estas características, será mesmo que existe um tipo de moto que as reúna todas?
Claro que não, mas por exclusão de partes, poderemos ir reduzindo o espectro e talvez conseguir chegar aos segmentos que mais se aproximam do compromisso ideal.
As Scooters estão fora, assim como todas as Naked que não dispõem de proteções aerodinâmicas. Também as Customs estão fora pelas mesmas razões e as Clássicas Modernas. As motos do segmento Touring também são exageradamente pesadas e volumosas para a cidade e não têm aptidões para andar em caminhos e estradas de terra. As Sport também são muito radicais, motores demasiado espigados e posição de condução muito desconfortável, estão fora. As Off Road também pelas razões obvias…
As Cruiser são enormes, pesadas e largas estão fora, pelo que só sobram as…
Adventure! é um facto incontornável, são as motos mais polivalentes, e como tal este é o tipo de moto que serve mais gente de forma mais polivalente.
(Continua)
Autor: Filipe Metelo
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