Ensaio VESPA ELETTRICA – Experiência Elettrizante
Foi-nos dada a oportunidade de testar a revolução levada a cabo pela Piaggio com a sua primeira Vespa Elettrica e decidimos abraçar a experiência. Sabendo à partida que a a Vespa Elettrica é um ciclomotor não criámos demasiadas expectativas em relação ao seu desempenho e a nossa atenção centrou-se mais na análise da viabilidade do conceito tendo em conta a sua autonomia, o tempo de carregamento, as suas prestações em ambiente urbano e o carisma que, pelo facto de se manter fiel às linhas tradicionais da Vespa, possa ser um argumento extra de afirmação e de sedução.
Não sendo a única moto, neste caso scooter, elétrica do mercado o facto de ser uma Vespa será certamente um argumento de afirmação da Elettrica perante uma oferta vinda de oriente que tem vindo a invadir a Europa com todo o tipo de soluções de mobilidade que utilizam motores elétricos.
De imediato quando tomamos contacto com a Vespa Elettrica não podemos de constatar de imediato as suas semelhanças com o modelo Primavera, uma versão sobre a qual realizámos um teste recentemente e que tanto nos agradou. A ausência de escape e a decoração da Elettrica num cinza fechado e metalizado com vivos a azul “leétrico” identificam de imediato o tipo de veículo que é esta Vespa. Curioso é ver a reação de quem passa e constata que esta Vespa não tem ruído de motor… primeiro uma atitude de surpresa depois uma pergunta a tentar confirmar e finalmente um enorme sorriso e um “thumbs up” ou seja antes de tudo esta versão elétrica da Vespa parece não só ser do agrado da maioria como também despertar boas emoções.
Com um motor de 4.000 Watts esperávamos obviamente da Elettrica um desempenho ao nível de outros veículos elétricos que já tínhamos experimentado antes. De início, ao rodar a chave, no mostrador podemos ler uma informação que define o regime em que pretendemos circular na Elettrica: “Reverse, ECO ou Power” e tal como os nomes indicam cada designação tem a função correspondente atribuída e que se obtém pressionando por 3 segundos o botão de “arranque” situado no punho direito. Um ligeiro toque permite-nos mudar entre os 3 modos possíveis e um toque mais prolongado permite fixar aquele que pretendemos.
Limitada por lei aos 50 Km/h o desempenho da Elettrica fica assim muito condicionado e decididamente não está pensada para realizar trajectos sub-urbanos de estrada já que não só nos tornamos num obstáculo no meio da estrada face aos restantes veículos, aumentando o rico de acidente, como levamos uma eternidade a percorrer uma distância considerada normal com qualquer outra moto de 125cc para cima. A decidirmos fazer a Marginal para iniciar o nosso teste percebemos de imediato esta realidade. No entanto ninguém parecia mostrar-se indignado com o facto da Elettrica não passar dos 50 Km/h ( eram mais 47 ou 48 já em esforço… ) e lá vinham de vez em quando os “Thumbs Up” por ser uma Vespa sem ruído e não poluente.
O passeio deu para percebermos a autonomia da Elettrica pois chegámos a Cascais com 70% de bateria o que em face dos 25Kms percorridos em modo “Power” poderemos assumir que andará nos 100 Km de autonomia partindo com carga máxima ( 100 % ). O carregamento processa-se de forma muito fácil pois a Elettrica inclui não só o próprio cabo em formato helicoidal que recolhe para dentro de um espaço situado debaixo do assento como também tem um adaptador que permite ligar directamente à corrente de 220 V em casa. Em cerca de 1h tinha reposto a carga total de 100% ou seja as 4 horas que dizem ser necessárias para carregar do zero a bateria da Vespa Elettrica parecem ser uma realidade. Mas claro que só por esquecimento chegaremos a um nível de carga tão baixo e se considerarmos que as limitação e a vocação urbana da Elettrica podemos pensar que cada dia se calhar em cidade percorreremos um máximo de 15 ou 20 Kms. Ou seja uma carga ao fim de semana dará para andar toda a semana, certo ? As baterias de Iões de Lítio de 4.2 Kwh e 48 Volts, desenvolvidas pela própria Piaggio, são arrefecidas por um sistema de ventilação que se aciona durante o carregamento.
O primeiro senão da Vespa Elettrica veio quando enfrentámos a primeira subida mais ingreme. Teoricamente o binário linear do motor elétrico deveria garantir uma velocidade constante já que inclusivamente a mesma está limitada aos 50 Km/h. No entanto a Elettrica perde imediatamente velocidade e sente-se “constrangida” em cada subida que aborda acusando inclusivamente no indicador esquerdo do painel o esforço que o motor está a realizar. A velocidade desce rapidamente para os 40 Km/h o que nos converte ainda mais num obstáculo na frente dos demais. No entanto lembremo-nos de uma realidade : Em cidade não se pode circular a mais de 40 Km/h certo ? Ora aí têm mais um argumento para garantir que um qualquer radar mal “intencionado” vos possa retirar mais uns “pontinhos” na vossa carta de condução. Com a Elettrica estaremos sempre protegidos.
A condução da Elettrica é muito semelhante a qualquer outra Vespa, a roda pequena requer por isso atenção redobrada na circulação em cidades como Lisboa onde entre carris de elétricos e ruas de paralelipípedos de granito, para não falar em tampas de esgotos baixas e buracos por tapar, tudo são armadilhas para a pequena Elettrica que requerem uma atenção redobrada, sobretudo porque a suspensão tem também um curso limitado. Vale-nos a agilidade com que se conduz a Elettrica para permitir-nos com a rapidez necessária conseguirmos evitar o pior.
O que é mais difícil de evitar é o facto de ninguém nos ouvir e a cor algo “urbana” ( a Piaggio que nos perdoe o adjectivo ) embora do ponto de vista estético muito conseguida, não é no entanto a melhor para ser vista. Resultado, e falamos por experiência, nada mais sair da Loja da Piaggio em Alcântara, quase atropelamos uma velhinha que inadvertidamente atravessava a rua, fora da passadeira e com os carros parados num semáforo, sem ver ou poder ouvir que nós vínhamos ao seu encontro pelo meio das duas faixas. Valeu-nos os travões, nos quais nos pendurámos literalmente, para evitar o pior. Logo a seguir um jovem de cabeça baixa e de olhos no visor do seu telemóvel a mesma situação. Ou seja muita atenção e buzina sempre à mão pois a Elettrica, como todas as elétricas, requerem habituação e só depois criam habituação. Dou-vos também o exemplo das novas ciclovias de Lisboa, onde ninguém está de facto habituado a ter um novo “passeio”, de outra cor é certo, onde circulam veículos sem som, e a velocidades como por exemplo as trotinetes, que podem algumas atingir também os 50 Km/h.
A Vespa Elettrica dispõe também de uma plataforma de Multimedia através de uma App que faz a ligação entre um smartphone e o painel TFT da Elettrica. Painel que, com 4.3”, permite uma série de ajustes de intensidade ( 4 ) e se adapta automaticamente em função das condições de luz para providenciar uma leitura da ótima de toda a informação. O painel concentra no meio toda a informação relativa à moto, como a velocidade, o modo selecionado, a percentagem de carga da bateria e os Kms que ainda podemos percorrer, e nas laterais do painel tem dois indicadores, um que informa sobre a nível ecológico e de poupança instantânea da condução e o outro o nível de energia a ser utilizado.
A App que pode ser carregada gratuitamente no smartphone permite conectar via bluetooth com o painel TFT e atender chamadas, selecionar música etc… tudo através do joystick situado no punho direito da Elettrica. E claro um dos acessórios que permite integrar headphones e speaker é precisamente um capacete da marca que inclusivamente nos cederam para este ensaio. A aplicação no Smartphone permite inclusivamente localizar a Elettrica graças ao seu sistema de GPS/GSM, uma funcionalidade muito útil e que aumenta o factor segurança da moto.
A Piaggio disponibiliza ainda uma série de acessórios especialmente pensados para a sua Vespa Elettrica tais como TopCase pintada à cor da moto, apoio para o pendura, écran frontal, proteção contra o vento, porta bagagens dianteiro e porta bagagens traseiro e proteções para a frente e para a traseira. Existe ainda uma Versão X da Elettrica que vem equipada com um pequeno gerador a gasolina com 3 litros de capacidade que arranca automaticamente sempre que o nível de carga das baterias é baixo e que permite adicionar mais 150 Kms à autonomia, convertendo a Elettrica numa espécie de veículo híbrido.
A experiência foi muito positiva, sendo o comportamento da versão eléctrica da Vespa em tudo semelhante a uma Vespa com motor de explosão, a limitação de velocidade máxima penaliza um pouco a necessidade de momentos em que se requer uma mobilidade mais rápida mas se considerarmos que o âmbito de utilização da Elettrica é essencialmente urbano então talvez essa questão não se coloque. Veremos se a versão equivalente a uma 125 e que está também para sair terá um pouco mais de “alma” e que entre outros justifique também o preço alto a que a Elettrica é comercializada. Neste momento a versão actual tem um PVP de 6.790 eur.
Será esta versão da vespa Elettrica um produto de nicho de mercado ? Certamente, mas que poderá no curto/médio prazo vir a tornar-se “mainstream” também é certo… veremos em quanto tempo a mobilidade elétrica passará ser dominante nas grandes cidades europeias e em Portugal. O tema tem obviamente contornos políticos e obrigações que provêm de acordos internacionais em torno da redução das emissões e do combate às alterações climáticas. Aguardemos para ver.
Características Técnicas
Potência contínua 3.5 kW
Potência máxima 4.0 kW
Ninário Máximo 200 Nm
Bateria 48 Volts
Tipo Iões de Lítio
Capacidade 86 Ah
Energia 4.2 kW/h
Tempo de recarga 4 horas
Vida da Bateria 1.000 ciclos
Capacidade residual 80%
Peso da bateria 25 Kg
Recup. de energia sim
Roda dianteira 110/70-12”
Roda traseira 120/70-11”
Travão dianteiro Disco de 200mm
Travão traseiro Disco de 140mm
Dist. entre eixos 1.350 mm
Comprimento 1.870 mm
Largura 735 mm
Altura 1.150 mm
Altura assento 790 mm
Peso 130 Kg
PVP 6.790 eur
Galeria de Imagens
0 comments