ENSAIO KAWASAKI VERSYS 1000 SE – Conforto, Sofisticação e Versatibilidade em 2 Rodas
A convite do importador da Kawasaki em Portugal, a empresa Multimoto, deslocamo-nos há dias ao Luso para ter o primeiro contacto com a novíssima Kawasaki Versys 1000 Versão SE.
A organização recebeu-nos com uma breve apresentação sobre o modelo onde se destacaram algumas características fundamentais deste nova versão da Kawasaki Versys 1000 2019 e que iríamos conhecer melhor no dia seguinte, num percurso previsto de cerca de 350 Kms, a realizar pelas fantásticas estradas da Serra da Estrela. Especial ênfase foi dado durante a apresentação à nova electrónica da versão SE, ao novo design e estilo mais agressivo do modelo, ao seu novo chassis mais leve, à suspensão semi-activa, aos faróis de tecnologia LED e ao sistema de iluminação em curva em 3 níveis de intervenção, ao painel de informação TFT a cores e ao sistema de controle e gestão de informação através da App “Rideology” da Kawasaki.
A primeira parte do dia seguinte seria intensa, com várias paragens para fotografar, até ao Sabugueiro, já na Serra da Estrela, onde pudemos recompor forças com um almoço de especiarias regionais, antes de arrancarmos até à Torre no topo da Serra. A segunda metade do dia seria dedicada essencialmente a rodar e a testar a fundo o comportamento da Versys 1000 SE em todo tipo de situações, terminando de volta ao Luso, já de noite e com mais alguns Kms percorridos do que os inicialmente previstos.
A Kawasaki Versys 1000 que pudemos ensaiar era a versão topo de gama, a Versão SE e que se distingue da versão standard no equipamento e componentes adicionais onde se inclui; Painel de informação TFT a cores e não LCD, suspensões semi-activas, 4 modos de motor, Sport, Road, Rain e Rider ( este último personalizável ) faróis direcionais em curva, “quick-shifter”, punhos aquecidos, écran dianteiro mais alto, proteções de punhos, descanso central e malas laterais nesta versão que incluía o Pack Tourer.
No primeiro contacto visual destaca-se de imediato a nova frente mais agressiva da Versys 1000 e os 3 faróis LED laterais e direcionais que se acendem em função do ângulo de inclinação da moto em curva. O écran frontal é ajustável manualmente rodando dois manípulos laterais. As malas têm um pormenor interessante que é o sistema de fixação, pois ao serem destacadas da moto não fica nenhuma estrutura de suporte à vista, não afectando por isso a estética traseira da moto quando pretendermos circular sem malas.
O assento dividido em dois, e com a parte do pendura a um nível superior, garante maior visibiliade ao mesmo. O novo quadro permite que a secção do assento dianteiro esteja colocada mais perto do solo fazendo com que o condutor não só chegue mais facilmente com os pés ao chão, aumentando a segurança em manobras, como também assume uma posição mais integrada e uma postura mais direita na moto. Assento muito confortável, por sinal, que garantiu que ao fim de 350 Kms chegássemos ao nosso destino sem cansaço aparente.
No arranque, de imediato apercebemo-nos de duas situações, motor muito silencioso e sem vibrações, um binário imenso, e uma enorme leveza na sua condução em ambiente urbano graças a uma direção leve e a um equilíbrio geral bem conseguido por uma distribuição de massas acertada. O modo selecionado de início foi o Road pois assumimos que seria o mais abrangente e adequado para o tipo de percurso de montanha que iríamos realizar e as condições climatéricas de excelente dia de sol com que a Serra da Estrela nos brindou.
A Versys 1000 monta um motor tetracilíndrico em linha com 1.047cc que debita 120 CV às 9.000 rpm, realidade que à partida pode não parecer suficiente para se bater com a concorrência directa no universo das Sport Tourers, onde existe outras opções com potências na ordem dos 160 CV. No entanto a Kawasaki parece ser uma opção mais equilibrada que procura dotar a sua Versys 1000 de características que privilegiam o rodar de forma descontraída e em segurança, com potência mais do que suficiente onde ela se torna mais necessária para garantir um condução fácil, descontraída e harmoniosa. Para além de tudo o que referimos anteriormente também em modo Sport e na fase dois do nosso percurso quisemos colocar à prova o comportamento da Versys 1000 num regime de condução mais agressivo e o resultado foi muito positivo, com enorme estabilidade em curva, muito fácil de a colocar e encadear curvas, um sistema de gestão de travagem em curva que gere vários parâmetros de inclinação e de motor ( KCMF ) e que actua de forma a garantir um nível de segurança a toda a prova e que confere uma eficiência fantástica da Versys em condução extrema.
O enorme binário a baixa rotação da Versys 1000 SE surprendeu-nos também pela positiva, de tal forma que nos transmitia a sensação de estarmos numa moto de caixa automática pois, mesmo abaixo das 2.000 rpm e em 6ª velocidade, bastava rodar o punho, inclusivamente em subidas, e o motor da Versys 1000 respondia de imediato sem nenhum bater e de forma suave e progressiva, de forma deveras impressionante, realidade que torna a condução muito menos cansativa. Isto apesar da podermos utilizar uma caixa com quickshift nos dois sentidos, opção incluída na versão SE, assim como termos uma embraiagem deslizante e assistida que transforma a sua utilização numa “brincadeira de meninos”.
Não tivemos a oportunidade de testar a Versys com pendura, nem de obter por isso a sua opinião mas pelo que pudemos avaliar em termos da suavidade que proporciona a condução da Versys 1000 quase que podemos garantir que esta moto está pensada para correr mundo a dois.
Apesar de toda a suavidade demonstrada nos baixos e médios regimes existe uma pequena vibração perto das 6.000 rpm que no percurso que realizámos de montanha, com subidas e baixadas constantes de regime, quase não se nota no entanto em vias rápidas ou auto-estrada torna-se mais evidente.
Com um depósito com capacidade para 21 litros a Versys 1000 tem uma autonomia para cerca de 300 Kms, dependendo obviamente do regime a que rodarmos. Com um peso de cerca de 250 Kg, peso aliás compensado, como já referimos anteriormente, por uma frente que nos passa a sensação de uma enorme leveza, e que facilita imenso as manobras a baixa velocidfade, sobretudo no meio do transito citadino.
As suspensões semi-activas desenvolvidas pela Showa actuam em função dos modos selecionados de condução sendo que por exemplo no modo Sport se tornam obviamente mais duras e no modo Rain mais brandas. Optámos quase sempre por rodar no modo Road que actua também sobre o controle de tração e confere um comportamento abrangente às suspensões, proporcionando conforto e segurança mesmo a velocidades mais altas. Num botão no punho esquerdo podemos regular a pré-carga da suspensão traseira em função do peso com que a mota irá circular: só piloto, piloto e bagagem ou piloto e pendura ou ambos e bagagem… o sistema funciona apenas na versão SE através de uma bomba hidráulica colocada debaixo do assento.
Claro que no modo “Ride” tudo pode ser alterado e selecionado de acordo com a nossa vontade e “intuição”, mas digamos que esse é um processo que requer mais tempo e alguma sensibilidade pois encontrar a combinação perfeita pode não ser uma tarefa simples nem evidente.
O percurso levou-nos ao topo da Serra da Estrela onde as temperaturas estavam abaixo dos zero graus e mesmo nessas condições não sentimos qualquer alteração no comportamento da Versys 1000. Na longa descida da Torre para Seia pudemos testar a eficiência dos travões e surpreendeu-nos o seu excelente tacto e a sensação de controle total sem esforço. As pinças radiais monobloco e o sistema ABS em curva, o sistema de controle de tração em curva também e a gestão que é feita ao nível das suspensões, não as deixando afundar demasiado em travagem à entrada das curvas, mantendo as trajectórias o mais limpas possíveis, tornaram a descida numa verdadeira balada de prazer, acompanhada por uma sensação de controle e segurança constantes.
Uma das funcionalidades que a versão SE acrescenta é a possibilidade de utilização da App “Rideology” da Kawasaki que permite emparelhar o sistema da Versys com o nosso smartphone e obtermos uma série de informação e podermos inclusivamente gerir em modo “Rider” todas as funções electrónicas disponíveis na moto, podendo criar até 4 modos personalizados que ficam pré-gravados na aplicação para poderem ser introduzidos a qualquer momento. Dado o pouco tempo que tínhamos e o estarmos mais focados na condução acabámos por não nos dedicar muito a explorar esta funcionalidade.
Nada a referir sobre o painel de informação TFT a cores extremanente completo e de fácil leitura da Versys 1000 SE, mesmo com luz intensa de dia. Os punhos aquecidos ajudaram a superar as temperaturas negativas sentidas no topo da Serra e o Cruise Control funcionou na perfeição já no regresso em auto-estrada. Em termos de proteção aerodinâmica o écran mais alto e envolvente da versão SE oferece uma proteção eficiente e sem turbulências permitindo ser ajustado manualmente em altura embora recomendemos que o ajuste se realize com a moto parada. As proteções de mãos incluídas na versão SE são também uma ajuda importante a diminuir o fluxo de vento e frio ou chuva sobre as mãos.
Finalmente, um pormenor que já tinhamos visto na desportiva topo de gama da marca, a Kawasaki Ninja H2, a versão SE da Versys traz pintura auto-regenerativa no depósito e nos painéis superiores laterais, pintura que, tal como o nome indica, regenera pequenos riscos provocados por objectos pouco contundentes como por exemplo o fecho de um blusão ou uma fivela de um relógio ou mochila. Segundo a informação que nos foi passada a pintura recupera o seu acabamento inicial ao fim de uma semana ou duas sendo que o processo pode ser activado mediante calor.
No final e após concluídos os 350 Kms do percurso podemos facilmente concluir que a nova Kawasaki Versys 1000 de 2019 é uma Adventure Tourer perfeita para quem queira, de forma tranquila, segura e confortável, enfrentar longos percursos em duas rodas, não necessariamente fora de estrada pois a aventura não é só feita de pó, pedras e areia, sendo que a tranquilidade das estradas secundárias do interior são aquelas que muitas vezes nos trazem maior prazer nas nossas viagens, pelas suas paisagens, pela sa gastronomia, pelas suas gentes e os lugares que visitamos, pela paz que podemos sentir sempre com um lugar à nossa espera onde pernoitar e recuperar forças para continuar no dia seguinte. Uma moto ideal para viajar a dois, com todas a funcionalidades em termos de suspensões, travões e electrónica para melhor adaptar a moto às circunstâncias da viagem e garantir um enorme prazer na sua condução.
A Kawasaki Versys 1000 de 2019 está disponível em duas combinações cromáticas na Versão SE, a Verde e Cinza e a Preta e Branco e também em duas cores na versão standard, Branco e Preto e Laranja e Preto.
Os PVP’s de ambas versões são:
– Kawasaki Versys 1000 14.195 eur
– Kawasaki Versys 1000 SE 17.995 eur
Características Técnicas
Tipo de motor Refrigeração líquida, 4 cilindros em linha
Cilindrada 1,043 cm³
Diâmetro x curso 77 x 56 mm
Rácio de compressão 10.3:1
Sistema de válvulas DOHC, 16 válvulas
Sistema de combustível Injeção de combustível: Ø 38 mm x 4 (Keihin) com dupla válvula de acelerador
Ignição Digital
Sistema de arranque Elétrico
Lubrificação Lubrificação forçada, cárter húmido
Potência máxima 88.2 kW {120 PS} / 9,000 rpm
Binário máximo 102 N•m {10.4 kgf•m} / 7,500 rpm
Emissões CO2 137 g/km
Transmissão 6 velocidades
Transmissão final Corrente selada
Embraiagem Húmida multidisco, manual, deslizante e assistida
Travões dianteiros Duplo disco semi-flutuante em pétala de 310mm.
Duas pinças de 4 êmbolos opostos
Travões traseiros Disco de 250mm em pétala. Pinça de um êmbolo
Suspensão dianteira Suspensão invertida de 43 mm Semi-activa com extensão e pré-carga ajustáveis
Suspensão traseira Semi-Activa – Pré-carga com ajuste remoto
Tipo de quadro Dupla trave, alumínio
Rasto 106 mm
Curso da roda dianteira 150 mm
Curso da roda traseira 150 mm
Pneu dianteiro 120/70ZR17M/C (58W)
Pneu traseiro 180/55ZR17M/C (73W)
Ângulo direção E/D 34° / 34°
C x L x A 2,270 x 895 x 1,400 (1.465 pára-brisas ajustado no máximo) mm
Dist entre eixos 1,520 mm
Distância ao solo 150 mm
Altura do assento 840 mm
Capacidade de combustível 21 litros
Peso em ordem de marcha 250 kg
CONCORRÊNCIA
BMW S 1000 XR 999 cc / 160 CV / 228 Kg / 17.172 eur
Ducati MultiStrada 1260 1.262 cc / 158 CV / 209 Kg / 17.895 eur
KTM 1090 Adventure L 1.050 cc / 125 CV / 205 Kg / 15.556 eur
Suzuki DL 1000 V-Strom 1.037 cc / 99,2 CV / 232 Kg / 12.999 eur
Triumph Tiger 1050 Sport 1.050 cc / 126 CV / 218 Kg / 13.900 eur
Yamaha Super Ténéré 1200 1.199 cc / 112 CV / 265 Kg / 13.795 eur
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