Ensaio Kawasaki Z1000 SX de 2018 – Desportiva ou Turística ? A decisão é sua.
Quando se idealiza uma moto para viajar imediatamente pensamos em critérios como o conforto, a autonomia, a polivalência e o potencial para evoluir nos diferentes tipos de estradas, provavelmente também fora das mesmas, pois a componente off-road mexe sem dúvida alguma com o nosso imaginário e coloca-nos novos desafios que desejamos poder enfrentar. Esta realidade associada ao aumento de oferta que temos vindo a assistir por parte da maioria dos fabricantes no segmento das Maxi-Trail Aventureiras, tem contribuído para um crescimento considerável e as opções de modelos neste segmento de mercado.
No entanto nem todos os motociclistas se sentem tentados pelas areias do deserto, nem por estradões de terra e pó, sobretudo se decidem viajar acompanhados. Se o prazer está na partilha e numa maior exigência em termos de de segurança então viajar por estrada pode ser na mesma entusiasmante e sem abdicar da componente de desafio e aventura, se pudermos “apimentar” o trajecto com uma condução mais desportiva.
E é aí que surge um segmento específico, quase esquecido, das motos de Turismo Desportivas, preparadas para proporcionar longos Kms de prazer e segurança com capacidade para, nos percursos de estrada mais sinuosos, fazer despertar algo mais de adrenalina .
As motos super desportivas continuam a evoluir sobretudo com toda a sua electrónica que permite “domar” toda a potência dos seus motores e transformá-la em desempenho efectivo na sua condução. No entanto penso que tirar partido em estrada ( na via pública ) de todos os atributos e prestações que nos proporcionam as super desportivas de hoje em dia representa um enorme risco para a nossa segurança e segurança dos demais, ( para não falar nos pontos que podem desaparecer na nossa carta à mesma velocidade ) pelo que é certamente mais recomendável explorar todo o seu potencial em circuito, num ou outro “track day”.
Assim sendo talvez as Sport Tourers sejam a opção mais lógica e ponderada para quem gosta de andar rápido, com segurança e conforto, no dia a dia ou em viagem, só ou acompanhado, sem exigir o desconforto ao pendura que se sente numa super sport.
Inspirados por este pensamento resolvemos testar um dos expoentes máximos deste segmento, a Kawasaki Z 1000 SX, e comprovar todos os princípios que apontámos anteriormente.
Cedida gentilmente pela Rame Moto, concessionário oficial da marca em Lisboa, a Z 1000 SX é uma moto imponente que na cor sua verde esmeralda, para além de fazer tributo à cor institucional da marca, acaba por marcar também de forma impactante a nossa presença, realidade que em circulação urbana representa um factor de segurança acrescido. Muitas vezes esquecemo-nos que no trânsito as cores escuras contribuem para a nossa “invisibilidade” junto dos automobilistas e aumentam o risco de acidente.
A primeira Z1000 SX foi apresentada ao mercado em 2010 e desde aí a Kawasaki tem sabido fazer evoluir o modelo dotando-o de novas funcionalidades sobretudo ao nível da electrónica, melhorando ainda mais uma moto já de si perfeita.
A posição de condução é perfeita, ligeiramente sobre a frente mas não em demasiado, o suficiente para termos as nossas costas numa posição recta mas sem a carga nos punhos ou na própria coluna, pois ao estarmos ligeiramente abraçados à Z1000 qualquer impacto proveniente de mau piso não se reflete directamente na nossa coluna, mas faz com que a mesma se flita num movimento natural de amortecimento ( muito importante este pormenor pois numa posição mais vertical, como nas Adventure Tourers os impactos fazem impactar as vértebras da nossa coluna, umas contra as outras, obrigando a que muitas vezes a pilotagem em pisos maus, ou fora de estrada, se faça de pé, passando assimparte do amortecimento para as nossas pernas ) .
A versão 2017/18 da Z 1000 SX evoluíu ligeiramente em relação ao modelo original de 2018 e aquilo que mais sobresai à vista é precisamente a sua frente , mais afilada e agressiva , que lhe dá um ar mais desportivo e que transmite maior sensação de potência. Mas de acordo com os técnicos da Kawasaki paralelamente aos melhoramentos na estética e no desempenho desportivo existem também evoluções na componente “Touring”.
O banco é bastante mais confortável e baixo, tem apenas 815mm e permite ter um contacto perfeito dos nossos pés com o chão, quando parados, e uma sensação acrescida de segurança. O banco do pendura também sofreu alteração montando agora pegas laterais de design diferente, mais em linha com a personalidade desportiva da moto.
O painel de informação foi totalmente redesenhado de forma a proporcionar uma leitura mais rápida e fácil de toda a informação embora em ambientes de luz do dia intensa a leitura fique dificultada. Os faróis são agora de tecnologia LED e os piscas de formato mais apelativo e integrado.
O écran frontal é facilmente ajustável em 3 posições distintas, mesmo em andamento, embora exija as duas mãos, sendo 15 mm mais alto que o anterior. Interessante verificar que as diferentes posições do pára-brisas conferem “looks” dieferentes à Z 1000, sendo que a posição mais baixa a torna mais “desportiva”. A posição mais alta protege melhor do vento, como seria de esperar , mas da chuva também, já que em andamento e a meio do teste começou a chover e ao levantarmos o écran para a posição mais alta verificámos que o efeito que produzia na condução do ar fazia com que a chuva passasse por cima do nosso corpo e capacete.
Os espelhos proporcionam uma visão correcta do que se passa atrás, sem grande vibração nem distorção da imagem, embora sejam ligeiramente mais largos em 20mm que os anteriores, o que dificulta um pouco mais a passagem entre carros em situações de trânsito parado. A Z 1000 SX é uma moto compacta e confortável, fácil de manobrar a baixa velocidade graças a uma distância entre eixos mais curta que a anterior e a um equilíbrio bem conseguido na distribuição de massas.
As suspensões proporcionam uma leitura correcta da estrada mantendo máximo da aderência dos pneus e inclui agora “Cornering ABS” , funcionalidade que em curva actua sobre o motor, o controle de tração e o ABS, aumentando assim a segurança em curva tanto em travagem como em aceleração.
Os travões foram também alvo de evolução e montam agora 2 discos semi-flutuantes com recorte em pétala, de 300mm e pinças radiais de 4 pistons na na dianteira enquanto que na roda traseira o disco é de 250mm e a pinça de apenas um piston. A travagem é exemplar, efectiva e de enorme sensibilidade, inclusivé utilizando apenas dois dedos, e apesar do peso do conjunto que é agora de 235 Kg, mais 4 Kg que o modelo anterior.
O motor é o mesmo tetracilindrico que montava a unidade original de 2010, de 1.043cc, a debitar 138 CV e com um binário de 100 Nm, um quatro cilindros em linha cheio de binário a baixa a proporcionar subidas de regime desde baixa rotação com enorme facilidade, mesmo a circular em 6ª velocidade e a fazer com que procuremos constantemente pela 7ª e 8ª velocidade. Em 5ª velocidade a abrangência é de tal forma grande que quase parece que estamos numa moto de caixa automática ( tipo Maxi Scooter ) pois a Z1000 vai dos 20Kmh aos 200Kmh sempre em 5ª velocidade…
A nível da electrónica a Z 1000 SX inclui 3 níveis de controle de tração facilmente ajustáveis no guiador. O nível 1 é o menos intrusivo e dizem que inclusivamente permite realizar “cavalinhos” de acelerador. O nível dois é intermédio e o 3 para condições de piso molhado, escorregadio ou chuva. Inclui ainda dois mapas de motor um dos quais aconselhado para condução à chuva pois corta a potência da moto para os 100 CV. Não inclui “quick shift” nem “cruise control” mas a caixa é muito precisa e as passagens a subir caixa fazem-se quase sem necessidade de embraiagem apesar da mesma ser super leve, o que no transito e no pára arranca resulta numa enorme mais valia. Aliás a embraiagem para além de assistida é também deslizante o que torna a condução mais agradável e segura, suavizando o binário da SX.
Em estrada aberta a Z 1000 SX mostra todos os seus atributos de Sport Tourer e o seu desempenho é exemplar, com potência sempre disponível para concretizar rápidas ultrapassagens sem necessidade de passar caixa, com proteção aerodinâmica adequada , sobretudo com o écran na posição mais alta. A posição de condução é imensamente confortável , apenas um pequeno reparo a um pouco de vibração que sentimos no assento e que a uma determinada rotação do motor provoca um ligeiro formigueiro. Em curva é perfeita e neutra, de tal forma que ficamos a pensar que comportamento teria em pista num qualquer “track day”, e proporciona um enorme prazer quando “puxamos” pelas suas credenciais desportivas.
Em conclusão a Kawasaki Z1000 SX é a moto perfeita para quem goste de chegar rápido aos eu destino, para quem queira uma moto versátil, quer para o dia a dia , quer para viagens a solo ou acompanhado, com um nível de conforto acima da média , com um desempenho desportivo sempre prontoa ser explorado e com níveis de segurança acrescidos graças à inclusão de electrónica actual que controla travagem e aceleração e a adaptação a diferentes condiços de circulação.
Para que a Kawasaki Z 1000 SX se possa adaptar totalmente aos vossos requisitos de utilização a marca tem de catálogo 3 modelos diferentes. A Z 1000 SX dita normal, que foi a versão que testámos, a Z 1000 SX Tourer que inclui malas laterais à cor da moto com sacos interiores e suporte especial para GPS, e finalmente uma versão Performance, mais desportiva, que inclui escape especial Akrapovic, proteção de depósito em gel, tampa de banco do pendura e écran desportivo especial.
A Kawasaki Z1000 SX está disponíveis em 3 cores distintas : ( extensível aos 3 modelos acima referidos )
. Emerald Blazed Green / Metalic Carbon Gray / Metallic Graphite Gray
. Metallic Spark Black / Metallic Graphite Gray
. Metallic Matte Fusion Silver / Metallic Flat Spark Black
Ficha Técnica
Marca: Kawasaki | Modelo: Z 1000 SX 2018 |
MOTOR | |
Tipo | Tetracilíndrico em linha, refrigeração líquida, 4 tempos, 4 válvulaspor cilindro |
Cilindrada | 1.043 cc |
Potência Máx. | 138 CV@ 9.600 rpm |
Binário Máx. | 110 Nm @ 7.800 rpm |
Embraiagem | assistida e deslisante, multi disco em banho de óleo, hidraulica |
Alimentação | Injecção electrónica |
Caixa Vel | 6 Velocidades |
CHASSI E SUSPENSÕES | |
Quadro | Alumínio diagonal |
Suspensão Dianteira | Up side down curso 120mm |
Suspensão Traseira | Mono amortecedor ajustável posição horizontal curso 138mm |
TRAVÕES E PNEUS | |
Travões Dianteiros | Discos de 300mm semi flutuante e pinças radiais 4 pistons com ABS |
Travões Traseiros | Disco de 250mm pinça de 1 piston com ABS |
Pneu Dianteiro | 120/70-17 jantes em liga |
Pneu Traseiro | 190/50-17 jantes em liga |
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE | |
Bateria | 12 V, BAH VRLA |
Luzes Dianteiras | Full LED |
Luzes Traseira | Full LED |
Painel Info | digital |
Controle Tração | sim 3 níveis |
Ride by Wire | sim |
Modos de Motor | sim 2 modos |
Outros | ABS em curva |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 2105 mm |
Largura | 790 mm |
Altura | 1170 mm |
Distância entre Eixos | 1445 mm |
Distância ao solo | 135 mm |
Altura do banco | 820mm |
Peso total | 228 Kg |
Capacidade do Depósito | 19 litros |
Reserva | n.d. |
Consumos | n.d. |
Norma Emissões | Euro 4 |
PVP da versão Z 1000 SX de 2018 14. 590 euros
Concorrência
BMW R 1200 RS 1170 cc / 125 CV / 236 Kg / 14.968 eur
Yamaha FJR 1300 A 1298 cc / 146.2 CV / 296 Kg / 15.995 eur
Suzuki GSX FA 1000 ABS 1000 cc / n.d. CV / 228 Kg / 13.399 eur
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