Ensaio BMW K 1600 GT de 2017 – Viajar a Alta Velocidade
É sempre um privilégio podermos testar uma moto com motor de 6 cilindros, neste caso a BMW K 1600GT , uma moto fora de série, uma excelente Tourer mas com cariz desportivo, cómoda, fácil de pilotar, sofisticada e extremamente rápida… supreendentemente rápida e eficiente considerando os seus mais de 300 kilos de peso.
A versão que a BMW Motorrad Portugal nos disponibilizou vem numa pintura especial em azul, esteticamente muito apelativa e a realçar as linhas desportivas da GT. Bela sem dúvida e a sua imponência não deixa ninguém indiferente.
Mas aquilo que à partida nos atrai é mesmo o seu motor ser um 6 cilindros… e ser conotada como uma desportiva já que a sua “irmã” GTL é totalmente uma Tourer, luxuosa e confortável, para se realizarem longas viagens em modo passeio.
Por isso é com alguma curiosidade e entusiasmo que partimos para este ensaio.
Assim que nos sentamos na GT são de imediato sentidos os seus 300 Kg mas assim que começamos a rodar a GT parece “emagrecer” de imediato e revela-se uma moto bastante ágil e equilibrada. Nos primeiros Kms desfrutamos da suavidade do seu motor e do conforto que nos proporciona todo o conjunto, sobretudo as suspensões electrónicas que regulámos previamente para o modo Dynamic, modo que analisa constantemente uma série de informação e regula a moto para o seu melhor desempenho, e vamos rodando esquecendo totalmente que existe um lado “GT”.
Na primeira ultrapassagem, já em auto-estrada, damo-nos conta que ao dar gás em 6 velocidade a GT sai disparada com uma energia inesperada e aí realizamos que esta moto tem muito mais para dar e para nos fazer vibrar. Paramos nas portagens e o portageiro pergunta que modelo é ? ao que eu respondi “veja lá se não será classe 2”… e ambos rimos. Explico-lhe que é uma BMW GT 1.600 com 160 CV e 300 Kg de peso e o homem pasmado… e digo-lhe “quer ver?” e arranco a dar gás com mais convicção e para mostrar os atributos da GT de que acabava de comentar.
E foi a partir de aí que percebi o significado das letras “GT” na sua carenagem. O seis cilindros quando “alimentado” com vigor e determinação ruge quase como um Maserati de 12 cilindros… Impressionante mesmo e de tal forma se torna viciante o ouvir do rugido da GT que passa ser quase obrigatório acrescentar essa sensação sempre que arrancamos com estrada livre à nossa frente. Brutal e viciante mesmo. A partir de aí começamos a explorar mais o “outro lado” da GT e a testarmos os seus limites de uma forma mais agressiva.
A K1600GT está vem cheia de atributos electrónicos para facilitar a sua condução. O vidro eléctrico funciona na perfeição e em andamento, subindo e descendo com o acionamento de um botão no punho do lado esquerdo. A partir dos 130 Kmh não começa a não fazer muito sentido mantê-lo na posição mais alta já que começa a provocar turbulência estranha nas nossas costas e sobretudo para o pendura, por isso a rodar rápido mais vale colocá-lo a meia altura. Já na posição mais baixa deixa-nos com uma agradável e simpática brisa que a baixa velocidade e com o tempo quente nos sabe muito bem.
Na nossa mão esquerda temos acesso a uma quantidade de funções interminável. Cruise control, Modo de motor, modo de suspensão, piscas, controle do GPS, controle das luzes, Trips vários, buzina, piscas, punhos e bancos aquecidos, selecção de frequências no rádio e volume do mesmo… há que ler o manual e irmo-nos familiarizando com o sistema e não querer de início fazer tudo pois há que manter os olhos na estrada.
A K 1600GT monta “quickshift” nos dois sentido e de origem com caixa de 6 velocidades. Não sei exactamente porquê mas a caixa pareceu-me algo “clunky” ou seja pouco suave e precisa o que tendo em conta a sofisticação deste modelo não tem justificação. Outras BMWs anteriormente ensaiadas nomeadamente a recente S1000R, que também monta “quickshift” de origem, era de uma suavidade surpreendente. Algo que gostei foi a progressividade da actuação da embraiagem, ou seja parece que a aceleração e o controle da embraiagem é feito automaticamente para garantir que em função da velocidade engrenada e da inclinação ou resistência da moto a suavidade no arranque é sempre garantida e assegurada.
A aceleração do “ride by wire” é muito directa e sensível e parece ser comandada por uma “entidade superior” pois tudo é suave e feito de forma quase que “supervisionada”. A GT tem 2 modos de motor, Road e Dynamic e podemos ajustar qualquer dos modos também ao nível de carga que a moto leva; 1 piloto, 1 piloto + carga, 1 piloto + pendura… sendo que os ajustes de suspensões são automaticamente realizados. Por mim e tendo em conta a variedade de pisos das nossas estradas e o cariz algo desportivo da GT escolhi o modo Dynamic e rodei quase sempre no mesmo fazendo variar apenas o facto de 1 piloto ou piloto+pendura.
O controlo dinâmico da suspensão via sistema DDC Dynamic Damping Control ajusta constantemente as suspensões dianteira e traseira, aferindo num ciclo de 100 vezes por segundo o que é que se está a passar em termos de piso, agressividade na condução, distribuição do peso na moto e se curvamos constantemente, regulando a suspensão para que possamos obter o maior conforto e segurança possíveis. E funciona na perfeição , rodei no modo Dynamic sempre já que o modo Road acheio demasiado brando e “bouncy”.
Devido aos seu peso, em travagens bruscas é fácil sentirmos o ABS a actuar, mas sempre em segurança e apenas em situações extremas sendo menos intrusivo na frente e mais intrusivo atrás.
A suspensão da frente mantém-se o sistema Duolever da BMW, sendo aliás a única moto da gama BMW, em conjunto com a GTL que mantém este tipo de suspensão e diga-se que funciona na perfeição conferindo tacto e segurança e alguma agilidade e leveza na sua pilotagem. Tudo isto claro ajudado pela electrónica DDC referida anteriormente.
E chegamos finalmente ao coração desta fantástica GT, um motor com 1.649cc, 6 cilindros e 160CV que em conjunto com um binário hiper musculado de 175Nm às 6.500rpm conferem a esta BMW uma alma de enorme pujança ao ponto de eu dar por mim a arrancar em 5 velocidade sem “espiga” nem soluço… mas o melhor está para vir pois precisamente a meio da rotação onde se situa o binário máximo o 6 cilindros revela a sua verdadeira alma… tipo Dr. Jekyl and Mr. Hide, o som que sai dos escapes 3 em 1 de cada lado da GT é simplesmente magnífico, como se de um 12 cilindros se tratasse, e a GT dispara com um poder de aceleração tipo “dragster”… impressionante mesmo, há que experimentar para acreditar chega a ser assustador e algo viciante, como já referimos antes.
O comportamento em curva é excelente, considerando o peso de mais de 300Kg da GT e à saída de cada curva o poder de aceleração é brutal. Não é uma moto desportiva mas algumas das ditas desportivas que se cuidem. Atingir os 200Kmh é fácil e circular a essa velocidade também tal a sensação de segurança que transmite, por isso cuidado, facilmente nos entusiasmamos e somos “caçados” num qualquer radar.
Um sistema que não descobri à primeira e apenas depois de ler o manual o pude identificar, foi a marcha atrás, função que é um opcional mas que na unidade cedida estava incluída. Muito simples e de enorme eficácia e ajuda, já que mover esta enorme GT em sítios onde a inclinação seja contra é totalmente impossível. Mas a BMW resolveu este problema de forma brilhante: com a GT a trabalhar e em ponto morto carrega-se em mais um botão no manípulo esquerdo ilustrado com a letra R e imediatamente se acende no painel um R luminoso; a partir daí há que premir o botão de motor de arranque no lado direito e veremos que o 6 cilindros acelera sozinho até um regime que faz mover a GT para trás, como se de uma embraiagem centrífuga se tratasse. Muito simples , suave e intuitivo.
A versão testada incluía também o sistema de rádio que sinceramente para o meu gosto não me faz falta alguma, nem a rodar que se torna impercetível nem parado pois dá uma bandeira não compatível com a maioria que nos rodeia e comigo menos.
A BMW1600GT vem ainda com malas laterais de origem à cor da moto, muito faceis de abrir, retirar ou bloquear. Tem sistema de ignição KeyLess com a chave que se mantém no bolso e serve para abrir as fechaduras do banco e das malas traseiras e laterais. O mesmo botão que serve para “acordar” a GT serve também para bloquear a sua direcção e activar o alarme.
A nível da iluminação a GT monta também um sistema de enorme sofisticação que faz com que os faróis da frente girem no sentido do percurso e em função também da inclinação da moto… muito inteligente de facto. A versão testada tinha ainda dois faróis auxiliares montados lateralmente nas carenagens em baixo que conferem uma iluminação extra para circularmos à noite.
Para concluir digamos que ensaiar uma 6 cilindros é sempre uma experiência que nos marca e deixa uma fasquia bem alta em termos da sofisticação mecânica e neste caso electrónica também. Devido aos seu peso e aptidões semi-desportivas esta é uma moto para quem gosta de viajar com emoção e de preferência não sempre por auto-estrada já que os percursos sinuosos são os que nos criam maiores sensações e memórias da sua pilotagem. O som do motor acima das 6.000 rpm é inesquecível e diria mesmo que imbatível. É caso para dizer que com esta GT seria para a levar até ao fim do mundo.
Cores disponíveis 2017
Mars Red Metallic Black Storm Metallic
Lupin Blue Matallic wit Black Storm Metallic
Ficha Técnica
Motor | |
Tipo | Motor de 6 cilindros em linha, a 4 tempos, com refrigeração água-óleo, duas árvores de cames à cabeça, quatro válvulas por cilindro |
Diâmetro x curso | 72 mm x 67,5 mm |
Cilindrada | 1.649 cc |
Potência máx. | 160 cv (118 kW) às 7.750 rpm |
Binário max. | 175 Nm às 5,520 rpm |
Taxa de compressão | 12,2:1 |
Gestão do motor | Injeção eletrónica |
Controlo da emissão de gases | Conversor catalítico de 3 vias, compatível com a norma de emissões EU-4 |
Prestações / Consumo | |
Velocidade máxima | Superior a 200 km/h |
Combustível | Gasolina sem chumbo, teor mínimo de octanas 95 (RON) |
Sistema elétrico | |
Alternador | Trifásico de 580 W |
Bateria | 12 V/19 Ah, sem manutenção |
Transmissão |
|
Embraiagem | Multidisco em banho de óleo |
Caixa de velocidades | Seis velocidades com engrenagem helicoidal |
Transmissão secundária | Cardan |
Ciclística / travões |
|
Quadro | Dupla trave em alumínio fundido, motor autoportante |
Suspensão dianteira | Duolever BMW Motorrad; amortecedor central |
Suspensão traseira | Paralever BMW Motorrad |
Curso da suspensão dianteira / traseira | 125mm /135 mm |
Distância entre eixos | 1,618 mm |
Avanço | 108.4 mm |
Ângulo da coluna de direção | 62.2° |
Jantes | Alumínio fundido |
Jante dianteira | 3,50 x 17″ |
Jante traseira | 6,00 x 17″ |
Pneu dianteiro | 120/70 ZR 17 |
Pneu traseiro | 190/55 ZR 17 |
Travão dianteiro | Dois discos flutuantes, diâmetro de 320 mm, pinça fixa de quatro êmbolos |
Travão traseiro | Disco simples, diâmetro de 320 mm, pinça de êmbolo duplo |
ABS | ABS Integral BMW Motorrad (parcial-integral) |
Dimensões / pesos | |
Comprimento | 2,324 mm |
Largura (com espelhos) | 1,000 mm |
Altura (sem espelhos) | 1,440 mm |
Altura do banco, peso sem carga | 810/830 mm (banco baixo*: 800/780 mm) EO |
Arco interior das pernas, peso sem carga | 1.830/1.870 mm (banco baixo: 1.775/1.810 mm) *EO |
Peso sem carga, depósito cheio 1) 1) | 334 kg |
Peso total permitido | 540 kg |
Carga máxima (com equipamento de série) | 206 kg |
Capacidade do depósito | 26.5 l |
Reserva | 4 l |
PVP do Modelo Ensaiado
PVP Base 22.950,00€
ISV: 268,82€
Cor:
Azul “Lupin” metal / Preto “Storm” metal (N1Y) 0,00€
Opcionais:
Pack Segurança 1.040,00€
Pack Equipamento 1.580,00€
Sistema áudio e preparação GPS 1.295,00€
Pack Sport 500,00€
Assistência marcha atrás 1.010,00€
Acessórios:
Navigator V 799,00€
Valor total 29.442,82€
Concorrência
Honda GoldWing / 1832cc / 118cv / 413 Kg / 30.650, euros
Kawasaki GTR 1400 ABS / 1.352cc / 155cv / 312 Kg / 17.980, euros
Triumph III Roadster / 2.294cc / 148cv / 334 Kg / 19.700, euros
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