Ensaio: MV Agusta F3 675, ‘Ready to Race’
Ensaio escrito e realizado por Pedro Rocha dos Santos
No dia que fui buscar a MV Agusta F3 675 ao seu importador, a IMEXmoto, a expectativa era grande. Na verdade era idêntica ao nervosismo que sentia pois tudo o que já tinha lido sobre este modelo aumentava ainda mais o meu nível de ansiedade, Mas nos próximos três dias ela ía ser só minha, restava saber como abordá-la e explorar todo o seu potencial. Imaginem irem de fim de semana com a mulher mais bonita do planeta… sim, a F3 foi considerada a Supersport 600 mais bela do mercado. E de facto mais bela não poderia ser. Deslumbrante mesmo, como só uma MV sabe ser.
O toque clássico das cores vermelho e cinza das suas carenagens, baquet e depósito, contrasta com as linhas agressivas e o look high tech de todos os seus elementos. A forma como se “fundem” a baquet e o depósito é deveras sensual e bela. Quase a lembrar a “cinturinha de vespa” tão em voga nas atrizes “espartilhadas” dos anos 30 e 40. Fiquei seduzido ao primeiro olhar… mas eu já sabia que iria ser difícil resistir-lhe.
Um quadro que combina na perfeição alumínio com treliça em aço e o mono braço posterior acentuam as linhas desportivas e a exclusividade desta 675 tricilíndrica da MV Agusta.
Uma moto elegante, estreita e leve, quase a parecer uma 250 de Grande Prémio. Tecnologicamente avançada, com electrónica e mecânica provenientes da alta competição, como a rotação invertida da cambota, tecnologia só vista no MotoGP, e um novo sistema de gestão electrónica, MVICS ( Motor & Vehicle Integrated Control System ) que colocam a MV F3 675 no topo da sofisticação tecnológica, só incluída em motos desportivas de topo de gama de 1000cc.
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Test Drive
A MV Agusta F3 675 transporta-nos forçosamente para os tempos áureos das suas muitas vitórias em Grandes Prémios, pilotada por lendas do motociclismo de competição como Giacomo Agostini, Phil Read, Mike Hailwood, que nos anos 60 pilotavam as famosas 350 e 500, com precisamente três cilindros. A posição não é desconfortável nem exigente, para uma Supersport e a estreiteza do banco ao nível do depósito faz-nos encaixar perfeitamente na ergonomia da moto, quase como num fato à medida.
A F3 com o seu novo sistema MVICS de controlo oferece uma série de opções electrónicas que raramente incorporam as motos deste segmento. Em 2013 a MV F3 foi a primeira da classe 600 a oferecer Ride by Wire e quatro modos de gestão do motor bem como oito níveis de tracção que permite o ajuste necessário e dependente de várias circunstâncias como o estado da estrada, dos pneus ou do tipo de condução. Para além disso inclui embraiagem deslizante e quickshift assim como ABS de série .
Ao arrancar a MV Agusta F3 de imediato nos apercebemos que estamos numa moto que “respira” competição. O ruído do seu motor e a sonoridade inconfundível dos seus escapes de três ponteiras características, não deixa margem para dúvidas… é uma MV.
Comecei por rodar no modo Normal e rapidamente passei ao modo Sport. Na versão inicial do seu lançamento em 2013 criticava-se a falta de potência disponível a baixa rotação e a pouca inércia do motor ? Pois nesta nova versão essa realidade foi totalmente corrigida e a F3 sobe de rotação desde baixa velocidade, mesmo em sexta.
A potência máxima de 128 cv é obtida às 14.500 rpm e o binário máximo de 71 Nm às 10.600, sendo que o corte de ignição acontece às 15.000 rpm, ou seja em tudo idêntica aos motores mais rotativos de quatro cilindros, realidade para a qual a rotação invertida da cambota tem uma contribuição definitiva.
A F3 675 é sem dúvida alguma a 600 mais sofisticada do mercado sobretudo graças à sua electrónica, ao seu motor tecnologicamente evoluído e a um quadro e uma ciclística que garantem um comportamento irrepreensível.
Obviamente não é uma moto de cidade, nem para trajectos diários urbanos. A MV Agusta F3 é uma moto desportiva, inspirada na competição e que procura “terreno” onde afirmar as suas competências. Quisemos levá-la ao Circuito do Estoril, mas o mesmo estava com uma competição a decorrer, por isso limitei-me a percorrer a tradicional estrada do Guincho até ao Cabo da Roca, onde a F3 demonstrou ser rainha. Tanto assim é que mesmo parada faziam fila os “súbditos” que a vinham venerar.
Uma fantástica 600, com um comportamento de enorme efectividade, uma travagem excelente, assegurada pelo que existe de melhor neste domínio, com pinças radiais Brembo de quatro pistões, com discos flutuantes de 320 mm. Suspensão dianteira a cargo da Marzochi, totalmente ajustável e mono amortecedor traseiro da Sachs ajustável em pré-carga, pressão de mola e hidráulico. As jantes belíssimas, em liga de alumínio, que pela sua leveza mais parecem de magnésio, contribuem para uma condução agressiva e fácil nesta fabulosa MV F3 675.
O Motor
O tricilíndrico de 675cc da MV F3, faz homenagem aos tricilíndricos da marca que nos 60 se sagraram tantas vezes campeões do mundo. É dos motores mais compactos e leves do mercado, e inclui no seu interior todos os circuitos de refrigeração e lubrificação, água e óleo, assim como as respectivas bombas.
Revolucionário na sua concepção mecânica e gestão electrónica, o 675 da MV F3 é o motor 600 mais sofisticado do mercado, assegurando uma performance ímpar e ao nível da restante ciclística da moto.
Com 128 cv em modo Sport, o soberbo tricilíndrico da MV, graças ao seu desenho e concepção, atinge rotações altas muito rapidamente. Compacto e leve, inclui válvulas de admissão e escape em titânio.
Graças ao sofisticado sistema de gestão electrónica MVICS, à sua embraiagem deslizante e caixa com quickshifter, o tricilíndrico 675 da MV F3 permite-nos ajustar o seu rendimento ao tipo de utilização que pretendemos, desde o rodar rápido em estradas sinuosas de montanha até ao liderar grelhas em circuito nos trackdays.
Adaptação
A MV Agusta F3 675 apesar de ser uma moto essencialmente desportiva, é uma moto fácil de conduzir. A sofisticação da sua electrónica e a quantidade de combinações possíveis na sua regulação podem de início causar alguma confusão e dúvida. Mas até nisso a F3 nos permite ajustar o seu desempenho à nossa forma de pilotar ou às condições que num determinado momento encontramos. Seja na pista ou na estrada, com chuva ou em seco, o ajuste adequado é sempre possível e acessível no painel digital.
No entanto comecei da pior forma pois, ao sair do concessionário da IMEXmoto na Avenida 24 de Julho em Lisboa, decidi ir almoçar ao LX Factory e aproveitar para tirar algumas fotografias num enquadramento urbano alternativo. Má opção, pois os paralelipípedos e o mau estado geral das ruas naquele local penalizaram brutalmente o início do meu contacto com a F3.
Mais tarde decidi fazer a zona do Chiado para ter a certeza da má impressão anterior e decididamente a F3 não gosta de confusão nem de estradas de cidade… um puro sangue italiano necessita espaço para dar largas à sua pujança e rapidez.
Assim que saí para a auto-estrada em direcção a Cascais a F3 respirou fundo e agradeceu, libertando-se das amarras urbanas e compensando-me com uma enorme sensação de liberdade e leveza de rodar, exprimindo toda a sua garra com um estridente e característico som de potência visceral do seu motor.
E neste contexto a adaptação é imediata e natural. O esforço é agora inexistente e a compreensão total. É aqui que o homem e a máquina se tornam um e “são felizes para sempre”… bendita F3.
Qualidade
A exclusividade e o cuidado com cada pormenor está bem patente na MV Agusta F3 que não deixa os seus créditos em mãos alheias de “a 600 mais bela do planeta”. Tudo está pensado aos mais pequeno detalhe, desde a pintura revivalista, às grelhas nas entradas de ar na carenagem e baquet, às costuras do banco, a cada parafuso ou mesmo símbolo que identifica e decora a F3.
Um luxo de uma qualidade exclusiva agora perfeitamente acessível. Não me canso de a olhar, de a fotografar e de lhe “tirar as medidas”… aquelas curvas da baquet e do depósito deixam-me desorientado, sem dúvida inspiradas nas belas mulheres italianas…as portuguesas que me perdoem. Difícil foi entregá-la, deixá-la em casa e pensar que outro, certamente como eu, a viria buscar, ou pior alguém a levaria para sempre… há homens com sorte.
Equipamento e Opções
Muitos dirão, como é possível querer personalizar ainda mais uma moto já de si tão especial e bela ? Mas a MV Agusta propõe um extenso catálogo de acessórios e opções para a sua F3 que nos permitem, acreditem, torná-la ainda mais irresistível.
Uma série de peças e elementos em carbono para dar um toque ainda mais sofisticado à F3 assim como “roupa” de competição original para fazer um ou outro track day, está disponível para vossa consulta no site da MV Agusta ou do seu importador em Portugal a IMEXmoto.
Um elemento que aconselho adquirem de início é um cavalete da marca. É que para além do prazer que é sair com a F3, tê-la exposta na vossa sala ou em local privilegiado da vossa casa, vai ser uma reacção mais do que natural daqueles que decidirem “dar o nó”.
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Características (* )
Tipo de motor – 3 cilindros em linha, 4 tempos, 12 válvulas.
Cilindrada – 675cc
Bore Stroke – 79 mm / 45,9 mm
Compressão – 13:1
Potência máxima CE – 128 CV (94,2 kW) @ 14.400 rpm
Binário máximo CE – 71 Nm @ 10.900 rpm
Sistema alimentação -Injecção electrónica MVICS Motor & Vehicle; Integrated Control System com 6 injectores, 4 modos
Escape – 3 em 1, 3 ponteiras
Transmissão Final – Por corrente
Embraiagem – Assistida , multidisco e deslizante
Caixa de velocidades – 6 velocidades com QuickShifter
Quadro – Treliça e Alumínio berço duplo
Braço oscilante – Monobraço em liga de alumínio 123 mm de curso
Roda dianteira – Liga de alumínio fundido multi-raios 17 x 3.5 in
Roda traseira – Liga de alumínio fundido multi-raios 17 x 5.5 in
Pneu dianteiro – 120/70 ZR17
Pneu traseiro – 180/55 ZR17
Suspensão dianteira – Marzocchi 43 mm upside down com ajuste de compressão, em pré-carga e hidráulico, curso de 125 mm
Suspensão traseira – Sachs Monoshock com ajuste de pré-carga e hidraulico, 123 mm de curso da roda traseira
Travão dianteiro – Duplo disco de 320 mm, Brembo radiais de 4 pistões de 32mm
Travão traseiro – Único disco de 220 mm disc, Brembo 2-pistõe de 34mm
Painel de instrumentos e funções – LCD multi-funcional com velocímetro digital, e modos de aceleração, controle de tracção, computador de bordo, tacómetro, luz de reserva de gasolina com interruptores de controle nos punhos
Dados Gerais
Comprimento total – 2060 mm
Largura (sem espelhos) – 725 mm
Altura do banco – 805 mm
Distância entre eixos – 1380 mm
Distância ao solo – 125 mm
Altura – N.D. mm
Peso en seco – 173 Kg
Capacidade do depósito – 16.5 L
Preço: 13.450 €
(*) informação do representante
Se estiver interessado em obter mais informações sobre esta moto veja aqui. Para encontrar o concessionário mais perto da sua casa clique aqui.
Concorrência
No segmento das Supersport existe um modelo que é, pelas suas semelhanças técnicas, concorrente directo da MV Agusta F3 675, a Triumph Daytona 675. Incluímos também a Ducati Panigale 899, embora a mesma seja mais comparável à versão da MV Agusta F3 com 800 cc , com também 148 cv e um P de 14.990.
Triumph Daytona 675 e R c/ABS
Potência – 128 cv
Peso – 184 kg
Preço – 12.600 €
Versão R 15.200 €
Ducati Panigale 899
Potência – 148 cv
Peso – 193 kg
Preço – 15.649 €
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